Aquela corrida de bigas: uma volta ao filme bíblico ‘Ben-Hur’ neste feriadão de Páscoa
A série especial do CORREIO, Arquivos Culturais, retorna até a virada de 1950/60 para relembrar um clássico filme bíblico: “Ben-Hur”, produção superlativa encabeçada por Charlton Heston no papel de Judah Ben-Hur, o príncipe que se torna escravo. Em sua trajetória, ele encontra Jesus Cristo
Épico. Filme bíblico. Elenco estelar. Orçamento milionário. Quase quatro horas de duração. Widescreen. Onze Oscars. Recorde de bilheteria. Sessenta e dois anos de história.
Realmente, “Ben-Hur” (1959) é um longa-metragem superlativo. Pudera, conta a história do rico príncipe Judah Ben-Hur (Charlton Heston), que se torna escravo e depois luta para limpar seu nome. Tudo isso tendo como pano de fundo a crucificação de Jesus Cristo.
Nada melhor do que conhecer ou rever o filme dirigido por William Wyler neste feriadão de Páscoa. Mas fuja da refilmagem de 2016, que tem o ator brasileiro Rodrigo Santoro no papel Dele.
Justiça seja feita, essa produção mais recente é uma nova adaptação do romance de 1880 “Ben-Hur: A Tale of the Christ”, de Lew Wallace.
Mas, claro, o clássico dos clássicos é a versão com Charlton Heston na pele do protagonista. É ele que participa da corrida de bigas (um tipo de carroça de duas rodas, movido por cavalos). Essa sequência de nove minutos de duração se tornou uma das mais famosas do cinema. Gastou-se negativo na proporção de 167. por 1 (ou seja: para cada 167 metros filmados, um foi utilizado na montagem).
Mas, afinal, do que se trata “Ben-Hur”? Vamos à trama: Judah Ben-Hur é um príncipe judeu na Judeia ocupada por Roma. Acusado injustamente, é condenado a escravidão por Messala, seu amigo de infância romano. Depois de anos nas galés, Ben-Hur consegue a liberdade, volta para Jerusalém e, ao buscar vingança, disputa com Messala uma corrida de bigas.
Em suma, é uma história particular que se entrelaça com momentos históricos e bíblicos. Inclusive, já foi classificado como “filme bíblico”. Em uma das sequências, Ben-Hur e sua família encontram Jesus, na via crucis.
GRANDIOSIDADE
“Ben-Hur” é daqueles filmes que sempre são reprisados na TV aberta ou canal a cabo. Em uma dessas vezes, o crítico de cinema do jornal Folha de S.Paulo, Inácio Araújo, publicou, em 5 de maio de 1995, que tudo é enorme nesse longa-metragem.
“O orçamento de US$ 15 milhões foi o maior de um filme, até aquele momento. O filme levou dez anos em preparação; 14 meses de filmagem (só a sequência da corrida de bigas levou três meses); 100 mil figurantes em cena”, escreveu.
Até aquele momento, Araújo destacava que “Ben-Hur” detinha o maior número de Oscars já dado a um filme. “É mais que um filme, parece uma franquia do Guinness, a bíblia dos recordes”. Essa marca das estatuetas só foi alcançada em 1998 (“Titanic”) e 2004 (“Senhor dos Anéis, o Retorno do Rei”).
OSCARS
Em sua edição 418, de 23 de abril de 1960, a revista Manchete destacava o frisson em torno da noite do Oscar, quando o filme de William Wyler “abiscoitou” 11 estatuetas e superou naquela época os prêmios de “Gigi”.
“Era a noite dos ‘Oscars’ e a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood distribuía seus prêmios anuais. O público já esperava pela indicação do filme bíblico que arrancara elogios unânimes da crítica americana”, dizia a Manchete.
A reportagem também apontou para a “história do príncipe da Judeia”, o herói bíblico que “lutou tenazmente contra as injustiças e a tirania dos romanos”. Uma imagem da famosa corrida de bigas no filme abre a matéria: “foram necessários três meses para filmá-la numa pista que levou um ano para ser construída”, informava a legenda.
A propósito, Manchete escolheu duas fotos de cenas com Jesus para ilustrar as cinco páginas de material dedicado somente ao filme.
SERVIÇO
O longa-metragem “Ben-Hur” (1959) está disponível no streaming, caso do Looke, YouTube (versão paga), Google Play, Oldflix. Sempre é bom lembrar de que se trata do clássico de 1959; por isso, não considere o filme de 2016.
LIVRO
Saiba mais sobre o romance que deu origem ao filme, AQUI.
************Texto e pesquisa: Cris Nascimento, especial para CORREIO