Moradores do bairro dos Estados relembram 17 de abril um ano após ataque

Apesar do pânico vivenciado, a rotina voltou ao normal logo após a tentativa de assalto na rua Paraná

Os moradores da rua Paraná e arredores do bairro dos Estados, em Guarapuava, dificilmente irão esquecer a noite de 17 de abril de 2022. Testemunhas oculares do ataque a uma transportadora de valores que fica no bairro viveram momentos de terror durante a tentativa de acesso ao cofre da empresa. 

No dia posterior ao ataque, o cenário era de muita tensão com a presença policial e até mesmo com arma de fogo de grosso calibre deixada para trás. O publicitário Tiago Martins reside a poucos metros do local e comenta que, com a aproximação da data, passou a relembrar a situação. 

“Eu estava em casa como todo domingo à noite, tranquilo, assistindo alguma coisa. Aí eu ouvi uns barulhos, mas que aparentemente pareciam foguetes. Eu resolvi dar uma olhada na janela e tinha um cara na esquina com uma arma e os tiros começaram aumentar, aí eu percebi que era tiro”, contou ao CORREIO. 

Ele lembra que, no momento em que viu o indivíduo armado, entrou em pânico e percebeu a gravidade do que estava ocorrendo. “Fui para um quarto isolado no meio da casa e fiquei no chão. Ali a gente começou a se comunicar com o grupo do condomínio e o pessoal disse que era um assalto”, disse, afirmando que foi a pior sensação de sua vida.

Mesmo após a fuga dos criminosos, ele optou por permanecer no local onde estava para se proteger. “Eu passei a noite inteira no chão sem dormir. O quarto que eu passei é um quarto de guardar objetos, uma sala praticamente, não tinha cama, não tinha nada. Eu dormi em um tapete. Fiquei conversando com meus amigos, com minha família que mora no Rio Grande [do Sul], tentando acalmar minha família”, explicou Tiago. 

Nos primeiros dias após o ataque o clima foi de apreensão no bairro, mas depois a rotina foi retomada. Ariel Cleve mora há 15 anos no bairro dos Estados, a aproximadamente 400 metros da empresa e relata que a primeira ação foi procurar um local para se abrigar.  “Nos primeiros dias as pessoas ainda estavam meio assustadas com o ocorrido, mas depois tudo voltou ao normal. Sem receios por morar perto”, comentou.

No entanto, para Tiago, que mora mais próximo, ainda há resquícios do 17 de abril. “Eu evito passar ali, por mais que parece que não acontece, toda vez que eu passo eu imagino a cena, toda vez que olho para esquina parece que estou vendo o cara ali. Inclusive eles deixam uma arma na esquina, no galho de uma árvore”, lembrou. 

LEI

Em 2022, a Câmara Municipal votou o projeto de lei que proíbe a instalação de empresas de transporte e guarda de valores no perímetro urbano de Guarapuava. A proposta da vereadora Professora Therezinha (PT)  foi assinada por todos os edis e aprovada na casa. No entanto, foi vetada pelo Executivo e depois derrubado o veto pela Câmara.

Em vigor, ela destaca que a instalação deverá ocorrer em áreas rurais e em locais onde não existam colônias agrícolas, condomínios rurais ou áreas com adensamento populacional. Em relação às empresas que já estão instaladas, a lei estipula um um prazo de dois anos para adequação, com multas para caso de descumprimento.

POSIÇÃO

O CORREIO fez contato com a Protege, empresa alvo do ataque, para saber a posição em relação à lei, mas foi informado de que a Federação das Empresas de Transporte de Valores (Fenaval) já havia se posicionado, já que a medida atende a todas as empresas do setor. 

No comunicado a Federação aponta que  “impetrou Mandado de Segurança, para questionar as várias ilegalidades e inconstitucionalidades desta lei, tanto em relação ao seu mérito, quanto em relação a aspectos formais, e que aguarda, confiante, a decisão a ser proferida pela 2ª Vara da Fazenda Pública, que reconhecerá a violação aos direitos constitucionais das empresas de transporte de valores em desenvolver regularmente suas atividades”.

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