Início da colheita revela perspectivas de recorde de soja no Paraná
Ciclo transcorreu sem quebras e produção pode chegar a 19,9 milhões de toneladas. Produtores relatam boa produtividade e excelentes condições da lavoura ainda por colher
Desde janeiro, as colheitadeiras estão a campo nas lavouras de soja do Paraná. E há motivos de sobra para o produtor se animar: os resultados obtidos na área colhida e as condições das plantações que ainda estão por colher indicam que a safra 2019/20 deve ser recorde no Estado. Conforme as projeções da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), a produção paranaense de oleaginosa pode chegar às 19,9 milhões de toneladas, aumento de 22,5% em relação ao ciclo 2018/19.
Publicado em 20 de fevereiro, o mais recente levantamento mensal do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab), aponta que 22% dos quase 5,5 milhões de hectares semeados no Paraná já foram colhidos. Da lavoura ainda por colher, 92% estão em boa situação. Segundo o boletim, outros 7% são considerados em médias condições e apenas 1% é considerado ruim.
Diferentemente do ciclo passado, quando a estiagem provocou uma quebra de safra significativa, de 17%, as lavouras se desenvolveram sem grandes problemas na safra atual. Assim, produtores rurais de praticamente todas as regiões do Paraná têm obtido bons resultados em produção e em produtividade. A única ressalva diz respeito às áreas semeadas precocemente – logo após o vazio sanitário, em setembro do ano passado. Em razão da estiagem, as plantas não germinaram e os sojicultores tiveram que fazer o replantio.
Ainda assim, a média de produtividade não foi comprometida. As produtividades estão boas e a colheita está transcorrendo com resultados interessantes, aponta Ana Paula Kowalski, técnica do Departamento Técnico Econômico (DTE) do Sistema Faep/Senar.
A tendência é de que quem plantou mais tarde tenha uma produtividade ainda melhor, com melhores resultados. Tudo indica que teremos safra recorde em produção, entre 19,7 [milhões de toneladas] e 19,9 milhões de toneladas, acrescenta.
COMÉRCIO
No mercado, o dólar alto tem aquecido a comercialização, implicando em bons preços para o produtor. Com as cotações em um patamar satisfatório, os agricultores têm aproveitado o momento favorável para antecipar as vendas, até porque a expectativa é que a próxima safra americana cresça 9%, aumentando a oferta de produto.
As cotações recuaram na Bolsa de Chicago, em relação ao fim do ano passado, mas esse movimento não afetou nossos preços aqui. Isso porque o dólar tem segurado a cotação da soja. No Porto de Paranaguá, o prêmio também está bom. Então as vendas antecipadas estão mais adiantadas, observa Ana Paula, técnica do DTE do Sistema Faep/Senar.
Na região de Toledo, por exemplo, o produtor Nelson Paludo estima que cerca de 35% já estejam comercializados, principalmente por causa do cenário favorável. Neste ano, tivemos boas oportunidades de contratos a R$ 80 [a saca], para receber em março. Muitos já venderam com contratos antecipados, diz.
Nas outras regiões, os negócios também seguem a pleno vapor. Não tem soja no mercado internacional. A China está atacando bastante e, por outro lado, os Estados Unidos tiveram uma produção menor no ano passado. Na lousa [cotação oficial], a saca está nos R$ 67, mas temos recebido R$ 80, R$ 84…, afirmou o produtor João Aparecido Bertolasci, de Itambé, no Noroeste do Paraná.