Faça coaching com nosso guru em história suábia
A fim de pesquisar a fundo a percepção de um personagem que, com a própria existência, eternizou-se na e pela história dos Suábios do Danúbio de Entre Rios, o escritor Klaus Pettinger lançou mão de sua formação jornalística para realizar uma entrevista co
Todo grande acontecimento é, invariavelmente, contado a partir de um ponto de vista. A fim de pesquisar a fundo a percepção de um personagem que, com a própria existência, eternizou-se na e pela história dos Suábios do Danúbio de Entre Rios, o escritor Klaus Pettinger lançou mão de sua formação jornalística para realizar uma entrevista com o adolescente suábio Philipp Schwabi Schwabenbrauch.
Para quem não conhece, trata-se de um coach renomado, especializado em mindsetting em história dos suábios e que, apesar de ter 16 anos de idade, vive há apenas um. Schwabi é protagonista do livro O Sumiço do Hanomag, do próprio Klaus Pettinger (lançado em 2018), e uma lenda viva de Entre Rios.
Acompanhe essa entrevista metalinguística franca, descontraída e exclusiva para o Correio do Cidadão.
Klaus Pettinger: Obrigado por aceitar falar conosco. Você não costuma conceder muitas entrevistas, Philipp. Por quê?
Philipp Schwabenbrauch: Por favor, pode me chamar de Schwabi. Schwabenbrauch significa, literalmente, costume suábio, mas prefiro meu apelido, que seria um diminutivo, uma corruptela de suábio. E é verdade, não concedo muitas entrevistas, pois sou um tímido que fala demais.
KP: Sorte a nossa, portanto. Como foi protagonizar seu primeiro livro?
PS: Oi?
KP: O seu primeiro livro… Você foi protagonista, não foi?
PS: A entrevista não era sobre minha aventura como detetive para desvendar o Sumiço do Hanomag?
KP: Justamente, sua aventura no liv… ah, sim! Entendo! Cof… Sim, Schwabi, como foi essa aventura na sua vida real?
PS: Bem, eu nem estava muito afim, sabe? Mas a diretora me chamou e disse que eu sou o cara, porque entendia tudo sobre a história suábia.
KP: Exato! Você é expert no assunto, não?
PS: Expert é meio démodé, digamos que eu possa fazer coaching de história dos Suábios do Danúbio, com mindsetting e tudo.
KP: E como foi sua aventura pelos 300 anos da história suábia?
PS: Incrível! Uma coisa é você pesquisar os acontecimentos superficialmente, outra é mergulhar de cabeça no século 18, sair nadando pelo Império Austro-Húngaro, fazer snorkel na Segunda Guerra Mundial, pular sete ondas na Áustria e emergir nos anos difíceis no Brasil.
KP: Você sempre fala assim, em metáforas?
PS: Eu evito, pois pode ocorrer de um elefante na sala de cristais ser o iceberg a afundar o titanic da comunicação.
KP: Oi?
PS: Nada, não…
KP: Bom, e o que mais te assuntou nessa aventura?
PS: Foi naquele momento em que eu… [CENSURADO – ALERTA DE SPOILER. Uma xícara de cenoura ralada, três xícaras de farinha de trigo…]
KP: Deve ter sido emocionante!
PS: Demais, felizmente tínhamos um norte, que era o mapa. Mas todos aqueles símbolos, sinais e códigos me deixaram intrigado. Pense num piá virado no guede com tantas informações!
KP: Virado no guede é uma expressão suábia?
PS: Pior que não, é guarapuavana mesmo, mas eu já gosto de utilizá-la.
KP: E como foi a sensação quando você segurou o mapa pela primeira vez?
PS: Foi um misto de úmido com sujo, já que o mapa foi encontrado caído na grama…
KP: Você curte trolar seus autores?
PS: Oi?
KP: Nada, não. E o Hanomag? Sumiu de verdade?
PS: Tá maluco?! Ele simplesmente evaporou! Foi uma eternidade e meia pra gente [CENSURADO – ALERTA DE SPOILER. E uma xícara de açúcar. Para a cobertura: leite condensado, chocolate meio-amargo…]
KP: Rapaz, juro que nem suspeitava!
PS: Pois é! Estou pensando em escrever um livro sobre essa aventura!
KP: Aposto que será um fenômeno! Se surgisse outra missão como essa, você aceitaria numa boa?
PS: Não vai ter outra missão, nós chumbamos o Hanomag muito bem, dessa vez…
KP: Não necessariamente do Hanomag. E se fosse outra missão para proteger a cultura suábia? Se, de repente, ninguém mais falasse o dialeto em Entre Rios, por exemplo?
PS: Quê?! Jornalista é tudo igual, mesmo! De onde vocês tiram esses fake news?
KP: Personagem folgado esse que eu criei…
PS: Oi?
KP: Nada, não. Outra coisa, e a Kathi, hein?
PS: O que tem?
KP: Vocês dois…?
PS: Que isso, senhor… como é mesmo seu nome?
KP: Klaus Pettinger.
PS: Engraçado, você não me é estranho… Bom, senhor Pintscher…
KP: Pett… enfim, e a Kathi?
PS: Uma palavra define: irmã.
KP: Seguindo nessa linha: em uma palavra, como você define o Sumiço do Hanomag?
PS: Desafiador.
KP: Uma inspiração?
PS: A vida e superação dos meus antepassados.
KP: Um arrependimento?
PS: Spoiler!
KP: Oi?
PS: É preciso ler o livro que escreverei.
KP: Philipp Schwabenbrauch, o nosso Schwabi, muito obrigado! Foi um prazer falar contigo.
PS: Imagina, seu Petkovic! Estamos sempre prontos pra ajudar.
KP: Tenho certeza disso!
PS: Espera! Posso perguntar só uma coisinha também?
KP: Claro, manda!
PS: De onde eu te conheço?
KP: Das entrelinhas da história, por assim dizer.
PS: Oi?!
KP: Metáfora, Schwabi, metáfora.
*************Klaus Pettinger é jornalista, escritor e o autor do romance ‘O Sumiço do Hanomag’. Neste espaço, ele conta semanalmente curiosidades e fatos históricos sobre a colônia suábia de Entre Rios. Para contato com o colunista: [email protected]; Facebook: klauspettinger