Contexto histórico de Guarapuava narra o desfile cívico de 7 de Setembro

Entre as memórias, foram contadas durante o desfile algumas lendas, curiosidades e histórias de figuras importantes do município. O espetáculo de 3 horas e meia encantou o público que esteve presente

A rua XV de Novembro foi tomada pelo público de Guarapuava, que acordou cedo neste sábado (7 setembro) para prestigiar o desfile cívico, referente ao Dia da Independência. Iniciado pontualmente às 8h30, o evento atraiu instituições de ensino, órgãos da cidade, grupos artísticos, fanfarras, setores da prefeitura e diversos outros marchantes.

Em alusão aos 200 anos de Guarapuava, o desfile foi organizado de maneira que pudesse contextualizar o município do passado, presente e futuro. Utilizando a temática como inspiração, os 116 grupos que se apresentaram fizeram a manhã nublada ganhar bastante cor e ritmo.

PARTICIPANTES

Dando início ao tradicional desfile, cruzaram a XV de Novembro um grande grupo do exército, policiais civis, militares, rodoviários, representantes do Corpo de Bombeiros, Patrulha Escolar, Proerd e diversos profissionais que prestam diferentes auxílios ao município todos os dias. Seguindo ao som da banda do exército, o grupo contendo adultos e crianças utilizou de buzinas, sirenes e sinais luminosos, atraindo o olhar de todos que estavam presentes.

(Foto: Ágata Neves)

Na sequência, o caminho foi tomado pela Banda Jovem Municipal Maestro Leonel Rossetin, mantida pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Merecedora dos diversos prêmios já conquistados, a banda agitou o público presente.

Entre os espectadores, estava Zélia Antunes (74 anos). A moradora sempre acompanha os desfiles anuais, e se surpreendeu com as apresentações preparadas. As crianças estão bem ‘ensaiadinhas’, tudo muito bem organizado. Não tem idade para participar, todo mundo deveria vir e comemorar. Todo ano que eu consigo eu venho, porque é muito bonito, e essa vez parece estar ainda mais lindo.

Diferentemente de Zélia, o jovem João Carlos Cruz (21 anos) acompanhou o desfile cívico de Guarapuava pela primeira vez. Vindo de Minas Gerais, o rapaz gostou de ter participado. Meus amigos me convidaram, disseram que era bonito e acabei vindo. Me interessei bastante, porque mostra muito a cultura da cidade, os pontos turísticos, as fases que ela foi construída e muitas outras diferenças do Sul.

HISTÓRIA

As escolas simbolizaram as diferentes décadas que fizeram parte da composição da cidade, desde a chegada do povo indígena ao território, logo após, colonizadores, imigrantes e trabalhadores ferroviários, que aos poucos, foram construindo social e territorialmente a famosa ‘terra do lobo bravo’.

Interpretação da lenda que fala sobre a formação da Lagoa das Lágrimas.
(Foto: Ágata Neves)

Após muitos ensaios, que aconteciam frequentemente desde o início do ano, as crianças encenaram as lendas municipais, como a que contextualiza o surgimento da Lagoa das Lágrimas, a Lenda da Serpente, escondida embaixo da Catedral Nossa Senhora de Belém, e diversos outros aspectos, que marcaram os 200 anos de Guarapuava. Junto delas, diversas fanfarras acompanharam o percurso.

CAUSAS SOCIAIS

Foram várias as instituições de cunho social que percorreram o trajeto definido pela prefeitura. Por meio de cartazes, faixas e encenações, os grupos acabaram fazendo pequenos manifestos em prol de causas que promovam melhorias na sociedade.

A Secretaria Municipal de Políticas Públicas Para as Mulheres foi uma delas, e desfilou divulgando os diversos programas oferecidos às vítimas de violência doméstica, como o Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (Cram), o Projeto Orquídea, que promove a inserção feminina em diversos setores sociais e diversos outros.

Representantes da secretaria desfilaram com a boca amordaçada e carregando cartazes simbolizando os cinco tipos de violência de gênero previstos em lei.

(Foto: Ágata Neves)

Em seguida, lideranças políticas femininas distribuíram sementes ao público, passando a ideia de que novas atitudes que incluam a mulher em diferentes espaços comecem a ser cultivadas. Caminharam juntas a ex-vice prefeita Eva Schran, a atual deputada estadual Cristina Silvestri, a vereadora Terezinha Daiprai e a primeira vereadora negra de Guarapuava, Nerci Guiné, representando a força feminina no setor político municipal.

Em sinal de manifesto silencioso, um dos representantes da Comunidade Quilombola Paiol de Telha desfilou segurando uma bandeira vermelha, com a escrita ‘luto pelo meu país’. A frase foi simbólica em diferentes momentos de conflitos políticos em âmbito nacional, e se fez presente durante o desfile.

(Foto: Ágata Neves)

SEGURANÇA

A Polícia Militar (PM), juntamente com a Secretaria de Trânsito (Setran), ficou responsável pela fiscalização e manutenção das vias públicas. Poucas horas depois do evento, as ruas já foram liberadas para o fluxo normal de veículos e pedestres.

COMEMORAÇÃO

A ideia de comemorar de modo temático não esteve fixa apenas ao desfile cívico do Dia da Independência. Desde o fim do ano passado, todas as secretarias municipais definiram atividades a serem desenvolvidas em prol de dar destaque para a comemoração do aniversário de Guarapuava.

Ao longo do ano, a programação vai buscar dar valor e ressignificar o contexto histórico, cultural, patrimonial e social do município, para que no dia 9 de dezembro, aniversário da cidade, uma mostra de todo o trabalho seja trazida para a comunidade.