Área de trigo e cevada ainda pode crescer na região de Guarapuava

De acordo com pesquisador Juliano Luiz Almeida, que atua na Fapa, o espaço ocioso na região Sul do Brasil é ‘muito maior que a área de cultivo’, e grande parte desse terreno fica em pousio, sendo suscetível à erosão do solo e ao desenvolvimento de plantas

A cevada já é considerada a principal espécie de inverno e a região de Guarapuava é uma referência na produção do cereal. Além do know-how dos agricultores, programas de melhoramento fizeram com que ela ficasse mais produtiva e mais tolerante às doenças.

Em números gerais, a área de plantio deve variar entre 60 e 70 mil hectares para atender a demanda da maltaria, que precisa de aproximadamente 500 mil toneladas de cevada, segundo Noemir Antoniazzi, pesquisador da Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (Fapa).

Se por um lado o volume de produção do trigo acaba sendo inferior, em termos econômicos e agronômicos a cultura tem importante papel na rotação e na ocupação dos espaços ociosos.

De acordo com Juliano Luiz Almeida, que também atua na fundação, a cooperativa já chegou a cultivar mais de 30 mil hectares de trigo, mas hoje essa produção está na casa dos 10 mil.

Douglas Kuspiosz/Correio

Temos um potencial muito grande para crescer tanto nessa cultura quanto na cevada, na aveia branca e na canola, ressaltando que durante a 16ª edição WinterShow, em Entre Rios, ministrou uma palestra sobre as vantagens do trigo.

Entre alguns benefícios da inclusão das culturas de inverno na cadeia produtiva, Almeida pontua que evita que as terras fiquem em pousio, suscetíveis à erosão do solo e à proliferação de plantas daninhas. A área ociosa no Sul do Brasil é gigantesca, muito maior que a área de cultivo, pontuou o pesquisador, citando ainda as vantagens econômicas e a geração de emprego.

Já para Antoniazzi, é possível ter um avanço em termos de produção na cevada, mas isso depende de aspectos como manejo no campo, questões climáticas e, claro, da tecnologia, que culminam em uma maior produtividade e qualidade do produto final.

No seu ponto de vista, a ociosidade na terra do lobo bravo ocorre principalmente no inverno; o crescimento, portanto, pode ocorrer nos espaços que recebem apenas uma cobertura durante esse período do ano.

Eu sempre digo que a agricultura não se sustenta com seis meses de verão. É preciso ter um pé no inverno para consolidar o processo produtivo da propriedade, afirmou Noemir.

(Foto: Douglas Kuspiosz/Correio)

EXPECTATIVA

Juliano acredita que a tendência é que se tenha uma boa safra de trigo neste ano, levando em conta a aparência do cereal nas parcelas da Fapa e nas lavouras da região. Isso ocorre, pontua o pesquisador, porque a cultura se dá bem com o tempo menos chuvoso.

É um cultivo de clima mais seco, é oriundo do deserto, e toda vez que temos uma primavera muito chuvosa acabamos tendo muitas doenças, citando ainda as baixas temperaturas noturnas como outro ponto positivo, já que a planta acaba gastando menos energia.