Membros do Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação de Guarapuava visitam polo tecnológico em Piracicaba (SP)

Para o prefeito de Guarapuava Celso Fernando Góes, conhecer o que está feito com sucesso em outras cidades, em outros Estados, é fundamental para que as ideias nasçam e germinem nos empreendedores do município

A vocação agrícola de Piracicaba, somada ao investimento em pesquisa ao longo de mais de um século, criaram um ambiente propício para o surgimento do maior parque tecnológico voltado ao agronegócio do Brasil.

Para conhecer essa experiência que une pesquisa e empreendedorismo, membros do Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação de Guarapuava realizaram um dia de imersão em um dos maiores ecossistemas de inovação do País.

O Vale do Piracicaba, como é chamado o polo de inovação, surgiu em 2016, a partir de investimentos do município e do apoio da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP).

Em um espaço com mais de dois milhões de metros quadrados, empresas, startups, incubadora e instituições, trabalham para criar soluções inovadoras para o setor. Os negócios voltados para o Agro movimentam a economia e são uma referência no desenvolvimento de tecnologias.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico e presidente do Fórum, Sávio Denardi, a visita mostrou um caminho para consolidar as ações de inovação no município. “Seguindo o exemplo de Piracicaba, devemos buscar o alinhamento das universidades com o ecossistema e encorajar os universitários, a cada vez mais, produzirem ideias, estimular discussões, com forte apoio dos docentes que acolhem as ideias e trabalham para transformá-las em produtos para o mercado”, declarou.

HUB
O parque abriga o HuB de Piracicaba, responsável por fomentar novos negócios investindo no desenvolvimento de startups. A plataforma pública municipal também tem o objetivo de conectar instituições de ensino e pesquisa, ambientes de inovação, corporações, terceiro setor, agentes de fomento, investidores, poder público e comunidades para impulsionar vocações econômicas.

Representantes de universidades de Guarapuava fizeram parte da missão técnica, como o professor de Tecnologia da Informação Carlos Iatskiu, que acredita no potencial de inovação guarapuavano. “É uma pegada muito diferente do que a gente vê nos parques tecnológico, mas muito próxima da realidade de Guarapuava, pois a nossa região é totalmente agro, então, estamos levando uma boa experiência, tendo como norte a parceria demonstrada com academia que leva soluções para o mercado, visando a criação de empresas realmente lucrativas”, disse.

AGTECHGARAGE
O incentivo ao empreendedorismo na área de tecnologia também é garantido pelo trabalho da Agtechgarage, um espaço que abriga mais de 30 empresas fisicamente e mais de cem startups associadas de diversas partes do Brasil em busca de acelerar o desenvolvimento de novas tecnologias.

A AgTechGarage é um dos principais hubs de inovação do Agronegócio em nível mundial e conta com a parceria de empresas líderes nos seus segmentos, buscando a conexão entre grandes empresas, startups, produtores, investidores, academia, entre outros atores do ecossistema de inovação e empreendedorismo do Agro, para desenvolver soluções tecnológicas que aumentem a sustentabilidade e competitividade do agronegócio brasileiro.

De acordo com Agenor Felipe Krisa, do Sebrae Guarapuava, a Missão Técnica permitiu estabelecer novas conexões para fortalecer as iniciativas locais. “Nós geramos muitas conexões com a equipe do Sebrae-SP, com os professores, com as empresas incubadas e residentes do parque tecnológico. Essa conexão é um ganho, um aprendizado. Acima de tudo, porque quantos exemplos estão saindo daqui e quantas inspirações para associação comercial, para o Sebrae, para a Prefeitura, universidades, ou seja, todo mundo”, qualifica.

ESALQ
A responsável por fomentar esse ambiente é a ESALQ, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP), uma das cinco principais universidades de ciências agrárias do mundo. O conhecimento saiu da universidade e chegou ao mercado, focado em desenvolver soluções para o agronegócio e, principalmente, com o intuito de fortalecer a economia da região de vocação agrícola.

“A ESALQ é o grande celeiro de conhecimento. E um segundo aspecto é o da vocação do agronegócio associado hoje à bioenergia, à tecnologia da informação. A partir desses setores observamos o fortalecimento das entidades, além da questão cultural de proximidade das instituições e das pessoas em Piracicaba”, explica o gerente regional do Sebrae-SP, Fábio Gerlach.

A professora Catarina Carreta, do curso de Administração da ESALQ, explica que o papel da universidade é estimular o empreendedorismo entre os universitários, incubando iniciativas para que se tornem empresas sólidas no mercado antes mesmo dos acadêmicos concluírem a graduação.

“Em termos de tecnologias robustas e vanguardas que podem na sequência serem convertidas em produtos e serviços para o mercado, a universidade é o berço desse conhecimento que, em algum momento, vai ser convertido em produtos tecnológico. Hoje em dia, o papel da universidade tem que ter esse espaço de inovação. Não podemos conceber uma universidade que não tenha esse incentivo e esteja atenta às demandas do mercado, ao conhecimento não só disruptivo, mas que possa ser aplicado”, conclui.

Na avaliação do CEO do Cillatech Park, Geri Dutra, a definição da vocação é fundamental para estruturar as ações de inovação, como está sendo feito no Vale do Genoma em Guarapuava.

“A gente tem uma diversidade de formação de mão de obra e tem que aproveitar esse potencial. Já estamos buscando o envolvimento de todos os níveis da educação como uma política pública de desenvolvimento de uma sociedade. Aqui eles estão focados em um só segmento e se tornaram especialistas na área de tecnologia para o agronegócio”, defendeu.

Além de conhecer o Parque Tecnológico e um dos departamentos da ESALQ, a equipe teve oportunidade de conhecer o trabalho da IdeeLab Biotecnologia, spin-off acadêmica nascida no Laboratório de Fisiologia e Bioquímica Fitopatológica da Esalq-USP, que tem como objetivo desenvolver inovações e soluções biológicas para a agricultura.

Esta é a segunda Missão Técnica do ano organizada pelo Sebrae, por iniciativa do Programa EMPRIME da Agência do Empreendedor, para conhecer parques tecnológicos. Em abril, uma equipe esteve em Florianópolis visitando o ecossistema de inovação conhecido como Vale do Silício Brasileiro.

Para o prefeito de Guarapuava, Celso Fernando Góes, conhecer o que está feito com sucesso em outras cidades, em outros Estados, é fundamental para que as ideias nasçam e germinem nos empreendedores do município. Segundo reforça, investir na tecnologia é pensar o futuro e redesenhar uma nova fase da história com benefício para todos. “Sem tecnologia, nenhuma sociedade se desenvolve. Nosso objetivo é fomentar, todos os dias, ideias inovadoras em nosso município. O Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação existe e trabalha para este fim, para alavancar a tecnologia que resulta em novidades em nossa cidade”, observa.

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