‘Vidas Secas’ ganha edição especial pela Todavia

Segundo informações, o novo volume de “Vidas Secas” teve 12 edições cotejadas para estabelecimento de texto inédito, corrigindo erros e imprecisões editoriais. Seria a versão mais fidedigna da obra

Clássico da literatura brasileira, “Vidas Secas” (1938) ganha edição especial pela editora Todavia. Com organização, apresentação e notas do pesquisador Thiago Mio Salla, esse romance escrito por Graciliano Ramos (1892-1953) é lançado nesta segunda-feira (8).

Desde que a obra do Velho Graça caiu em domínio público, em 1º de janeiro de 2024, uma infinidade de edições dos principais livros do autor alagoano tem inundado o mercado editorial. Até então, a Record era dono dos direitos autorais. Aliás, por décadas.

Mas é preciso destacar o trabalho cuidadoso da Todavia, com uma coleção especial dedicada a Graciliano, iniciada a partir da publicação de “Angústia”.

Segundo informações, o novo volume de “Vidas Secas” teve 12 edições cotejadas para estabelecimento de texto inédito, corrigindo erros e imprecisões editoriais. Seria a versão mais fidedigna da obra.

Além de material extraliterário, como é o caso das notas de rodapé contendo: o significado de palavras ou referências não facilmente encontráveis; contextualização de referências históricas; e relações com o conjunto da obra do autor. E das notas de fim, com as variantes que revelam os estágios de composição do romance.

O leitor também poderá apreciar artigo do professor Adriano da Gama Kury sobre o processo de escrita de “Vidas Secas”. E de quebra, posfácio de Antonio Candido (1918-2017), um dos maiores pensadores da cultura brasileira. Inclusive, a Todavia tem uma série dedicada a este sociólogo e historiador da literatura.

Edição da Todavia (Foto: Reprodução)

IMPORTÂNCIA
Obviamente que o mais importante é pôr em circulação uma obra-prima da literatura, que narra a trajetória da família de Fabiano e Sinhá Vitória, em meio à seca que assola o sertão nordestino. Quarto romance de Graciliano, “Vidas Secas” foi concebido inicialmente como contos avulsos, que o autor vendia a conta-gotas para pagar a pensão na qual vivia com a mulher e duas filhas pequenas.

Em 1937, o Velho Graça foi preso sob vagas acusações de defender ideologias comunistas. Ao deixar a prisão, procurou trabalho como jornalista em um jornal do Rio de Janeiro. O editor então lhe permitiu publicar um texto curto, e Graciliano escreveu um conto chamado “Baleia”, sobre o sofrimento e a morte da cachorrinha de uma família de retirantes sertanejos.

O conto fez sucesso e o jornal encomendou outros no mesmo estilo. Graciliano produziu então um conto para cada membro da família: o pai, a mãe e os dois filhos. Nascia assim “Vidas Secas”, narrado em terceira pessoa, com 13 capítulos que, por não terem uma linearidade temporal, podem ser lidos fora de ordem, como contos.

Esse romance pertence à segunda fase modernista da literatura brasileira, conhecida como “regionalista” ou “romance de 30”.

“Este livro se tornou não apenas um dos grandes clássicos da literatura brasileira, mas também o maior sucesso editorial do escritor. Graças à sua vitalidade narrativa, à sua dolorosa atualidade e ao seu retrato expressivo e descarnado da gente do sertão, este livro ocupa um lugar de proeminência entre os clássicos da nossa literatura”, diz a Todavia.

AUTOR
Graciliano Ramos de Oliveira nasceu em 1892, no município de Quebrangulo, Alagoas. Um dos maiores escritores da literatura nacional, é autor de clássicos como “Vidas Secas” (1938) e “Memórias do cárcere” (1953).

PESQUISADOR
Thiago Mio Salla é doutor em ciências da comunicação e em letras pela Universidade de São Paulo (USP). Docente e pesquisador da Escola de Comunicações e Artes da USP e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa da FFLCH/USP, publicou, entre outros, “Garranchos: Textos inéditos de Graciliano Ramos” (2012), “Graciliano Ramos e a Cultura Política” (2016, vencedor do prêmio Abeu, finalista do Jabuti e do prêmio da Biblioteca Nacional) e “Graciliano na terra de Camões” (2021).

Em parceria com Ieda Lebensztayn, organizou os livros “Cangaços” (2014), “Conversas” (2014) e “O antimodernista” (2022), todos sobre o escritor alagoano. Coordena e desenvolve projetos no Fundo Graciliano Ramos (IEB/USP).

FICHA TÉCNICA
Gênero: Ficção brasileira
Capa: Kalany Ballardin | Foresti Design
Formato: 13,5 × 20,8 × 1,1 cm
Páginas: 192 PESO 0,260 kg
ISBN 978-65-5692-579-0