Seminário de Patrimônio Cultural discute identidade, memória e meio ambiente
Os palestrantes, vindos de várias regiões do Paraná e do Brasil, discutiram e apresentaram suas pesquisas sobre a preservação de bens naturais, a conscientização sobre as mudanças climáticas, a luta antirracista na preservação do patrimônio negro, e a conservação de edifícios e paisagens históricos
Na semana em que se celebra o Dia Nacional do Patrimônio Cultural, 17 de agosto, o 2º Seminário Paranaense do Patrimônio Cultural promove reflexões e debates a partir de diferentes perspectivas sobre memória e identidade no contexto do patrimônio cultural do Paraná. O evento desta quinta-feira (15) foi idealizado pela Secretaria de Estado da Cultura (SEEC), por meio da Coordenação do Patrimônio Cultural (CPC), sob a temática “Perspectivas Interdisciplinares Sobre Memória e Identidade”.
Realizado no auditório da Biblioteca Pública do Paraná, em Curitiba, o encontro reuniu pesquisadores, com notório saber, de diversas áreas relacionadas à conservação patrimonial.
Os palestrantes, vindos de várias regiões do Paraná e do Brasil, discutiram e apresentaram suas pesquisas sobre a preservação de bens naturais, a conscientização sobre as mudanças climáticas, a luta antirracista na preservação do patrimônio negro, e a conservação de edifícios e paisagens históricos.
A secretária de Estado da Cultura do Paraná, Luciana Casagrande Pereira, ressaltou a importância do seminário. “Viemos para aprender, ouvir e, principalmente, refletir sobre as questões de patrimônio, que são fundamentais,” destacou.
No evento, foi apresentada a nova Cartilha de Orientação do Patrimônio Cultural, elaborada pela equipe técnica da CPC. O documento reúne informações essenciais sobre o conceito de tombamento e os diferentes graus de proteção aplicáveis aos bens móveis e imóveis no Paraná, assim como as atribuições da coordenação no processo de preservação do patrimônio cultural do Estado.
Com foco educativo e normativo, a cartilha oferece um olhar renovado sobre a riqueza cultural do Estado, reforçando a importância de sua preservação na construção da identidade paranaense. Acesse o documento AQUI.
Após a apresentação da publicação, o seminário seguiu com palestras sobre a preservação patrimonial na Amazônia com Cláudia Helena Campos Nascimento; sobre o patrimônio cultural negro no Paraná, com Delton Aparecido Felipe; e a cultura dos faxinalenses, com Dimas Gusso. Eloisa Ramos Ribeiro Rodrigues e Anna Finger participaram de uma mesa-redonda sobre inventários históricos, enquanto Isabel e Carl Gakran discutiram o reflorestamento da araucária.
MEIO AMBIENTE
Participantes da Cúpula de Ambição Climática da ONU e da COP 28, Isabel e Carl Gakran palestraram no seminário. Indígenas do povo Xokleng, são fundadores do Instituto Zág, organização que tem como foco o reflorestamento e a preservação dos saberes relacionados à árvore da araucária (Zág).
Carl Gakran ressaltou a relevância do evento. “Acho muito importante trazer essa pluralidade para um seminário de patrimônio, porque nós somos os guardiões dessa terra e estamos aqui para compartilhar e, principalmente, para trazer soluções baseadas na natureza”, disse.
Ele enfatizou a importância de preservar a araucária, não somente como uma árvore, mas como um símbolo da Mata Atlântica do Paraná e sua rica biodiversidade, destacando que “é o nosso principal patrimônio”. Também apontou a relevância da preservação ambiental em combate ao aquecimento global e mudanças climáticas.
O Paraná se destaca como o estado com a maior área de preservação da Mata Atlântica do Brasil. A Serra do Mar é considerada a segunda maior floresta do país em extensão e foi reconhecida pela Unesco como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. A porção paranaense foi tombada pelo Patrimônio Cultural do Estado em 1986.
IDENTIDADE E MEMÓRIA
Delton Aparecido Felipe, professor e pesquisador da Universidade Estadual de Maringá (UEM), destacou a importância de discutir memória e identidade em um seminário estadual. “Discutir o patrimônio cultural exige que consideremos os diversos grupos sociais que vivem em nosso Estado, fazem dele seu lar e moldam sua forma de pensar e de viver”, afirmou.
Com um currículo acadêmico extenso e uma forte atuação na luta antirracista no Paraná, Felipe abordou questões do patrimônio cultural sob a ótica da população negra, destacando os movimentos de resistência ao apagamento de suas memórias.
“A discussão sobre identidade e memória perpassa a história do Paraná, e por isso é importante termos várias vozes falando dessa história”, afirmou o pesquisador. Estamos fazendo aqui uma política de lembrança”.
PATRIMÔNIO
No Paraná, há mais de 87 anos a Coordenação do Patrimônio Cultural (CPC), da Secretaria de Estado da Cultura (SEEC), desenvolve projetos e realiza procedimentos com vistas à preservação da memória do Estado do Paraná, o que resultou no tombamento de mais de 200 bens culturais e naturais que se encontram espalhados por todo o território paranaense.
O Patrimônio Histórico, Artístico e Natural, com relação ao Estado do Paraná, é definido pela Lei Estadual 1.211, de 16 de setembro de 1953, que o considera como o conjunto de bens móveis e imóveis do Estado cuja conservação seja de interesse público, seja pela vinculação a fatos históricos memoráveis ou por seu valor arqueológico, etnográfico, bibliográfico ou artístico; assim como paisagens, sítios e monumentos naturais, cuja preservação e proteção seja vital devido à sua feição notável.
Conheça mais sobre o trabalho da Coordenação de Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná no site www.patrimoniocultural.pr.gov.br.