Ricardo Pedrosa lança romance e oferta oficina sobre literatura africana em Guarapuava

Serão três dias de encontros na Gato Preto Livros & Discos; e, no último deles, será também o lançamento do livro “Teratoma”; as vagas são limitadas

O escritor e professor universitário Ricardo Pedrosa Alves, vencedor nacional do Prêmio Helena Kolody, ministrará uma oficina de Literatura Africana e fará o lançamento de seu primeiro romance, “Teratoma”, em Guarapuava.

Ricardo é morador da terra do lobo bravo e deu aulas na Faculdade Guarapuava. Atualmente, ele é professor colaborador do curso de Letras da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Além disso, é pesquisador de literaturas africanas e fez seu Pós-Doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, com uma pesquisa sobre as literaturas africanas no Brasil. “Também sou poeta, tendo lançado seis livros de poesia. ‘Teratoma’ é o meu primeiro romance”, contou em entrevista ao CORREIO.

A oficina gratuita será realizada na livraria Gato Preto Livros & Discos, mas com vagas limitadas a 30 participantes. Segundo o escritor, os inscritos terão acesso aos textos utilizados na oficina, que serão enviados por e-mail. A inscrição pode ser feita de forma online. (Clique aqui). Segundo Ricardo, ela é uma contrapartida que ele ofereceu para a publicação do livro “Teratoma”.

O romance foi aprovado no Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura do Paraná (Profice). “Considero que isso foi uma valorização da produção cultural de Guarapuava. O Profice, por meio da renúncia fiscal de ICMS, possibilita a valorização, a produção, a difusão, a circulação, a pesquisa e a preservação dos bens culturais, além de ações de caráter educativo para a arte e a cultura no Estado. O livro teve apoio integral da Copel”, explicou.

Sobre a oficina, ele destaca que é para formação de público leitor. “Um dos motivos para a oficina é que no ano que vem serão comemorados os 20 anos da Lei federal n.10639, que trata da difusão e do conhecimento sobre a cultura e a história africana e afrodescendente”, afirmou.

Conforme Ricardo, essa lei levou a literatura africana e a produção literária de autores negros brasileiros para os três níveis de ensino. “A oficina vai apresentar e discutir a literatura dos brasileiros Ricardo Aleixo e Conceição Evaristo e dos moçambicanos Luís Bernardo Honwana e Noémia de Sousa. Assim, a oficina tem uma proposta antirracista, e quer contribuir para a sensibilização literária e a consciência quanto à necessidade de um melhor letramento racial do público leitor”, comentou o professor.

DINÂMICA
Ricardo conta que escolheu autores e autoras de diferentes gêneros literários para cada um dos três dias de oficina. No primeiro (dia 14), ele vai abordar a diferença entre os gêneros e fazer uma introdução às relações entre raça e literatura. No segundo (dia 15), serão apresentados os textos poéticos de Ricardo Aleixo e Noémia de Sousa. E no terceiro (16), o escritor vai apresentar a produção de contos do moçambicano Luís Bernardo Honwana, que agora é leitura obrigatória no vestibular da USP, e o romance “Ponciá Vicêncio”, de Conceição Evaristo.

“A dinâmica da oficina consistirá em apresentar a importância de lermos literaturas que contribuem não só para nossa sensibilidade humana, literária e estética, como também apresentam importantes questionamentos sobre a realidade social e racial do Brasil e de Moçambique. Vamos ler trechos das obras literárias e fazer discussões a respeito”, disse.

LANÇAMENTO
“Teratoma”, romance escrito por Ricardo Pedrosa, foi lançado em Curitiba no mês de novembro. O lançamento foi na Biblioteca Pública do Paraná, durante a Festa Literária da Biblioteca (Flibi). A obra também será lançada em São Paulo no início de 2023.

Em Guarapuava, o lançamento ocorre no dia 16, às 18h, na Gato Preto Livros & Discos. O livro será vendido promocionalmente por R$ 40. “Um lançamento não é só uma ocasião para vender o livro, mas um momento de troca humana entre os interessados por literatura”, frisou Ricardo.

O autor define “Teratoma” como um romance experimental. “Se trata da escrita de alguém com doença mental, e assim o livro tem um tratamento especial para a linguagem. É um romance baseado em fatos reais. Conta a história obtida nos cadernos de Antonio Inácio, artista curitibano que enlouqueceu com a perda amorosa e foi internado num manicômio, chamado no livro de Instituto Público”, revela Ricardo.

De acordo com o escritor, o personagem real sempre fugia da unidade e passava temporadas com famílias do bairro Sítio Cercado, em Curitiba. “Nas idas e vindas, escreveu com a pena da galhofa uma série de cadernos intitulados ‘Teratoma’. Após a morte de Antonio Inácio, seus cadernos foram levados aos editores de um importante jornal curitibano, sendo publicados agora pela Editora Medusa. ‘Teratoma’ é, portanto, um romance que relaciona a loucura à arte. Sexo, pornografia, vício e as relações com a família e com a cidade de Curitiba são os motores da relação. A história faz também, sob a tinta da melancolia, críticas às instituições psiquiátricas. Um romance incrível pela forma e emocionante pelo conteúdo”, conclui Pedrosa.

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