Obra do crítico literário Antonio Candido será publicada pela editora Todavia

A partir de 2023, obra do crítico literário e professor Antonio Candido será publicada pela editora Todavia, que pretende lançar 17 livros do famoso intelectual. Um deles é o clássico “Formação da Literatura Brasileira”, lançado originalmente em 1959

Considerado como um dos maiores intelectuais do Brasil, o crítico literário, professor, sociólogo e historiador Antonio Candido (1918-2017) terá sua obra publicada a partir do primeiro semestre de 2023 pela editora Todavia.

Segundo a casa, serão 17 livros, entre eles uma edição especial da “Formação da Literatura Brasileira”.

“Temos a grande responsabilidade de dar continuidade ao trabalho de excelência feito pela Ouro sobre Azul, casa editorial que publicou a obra do autor nos últimos anos, em edições revistas pelo próprio Candido até pouco antes de sua morte”, diz a Todavia, por meio de suas redes sociais.

A editora ainda afirma que o “desafio será manter a qualidade impecável das edições atuais com novos projetos gráficos, ampliar a circulação dentro e fora do país e mostrar às novas gerações a atualidade de uma obra inesgotável e decisiva”.

Antonio Candido não foi apenas o maior crítico literário brasileiro. Foi também o último representante da geração que produziu intelectuais do porte de Carlos Drummond de Andrade e Clarice Lispector, entre tantos outros.

Intérprete do Brasil, Candido partilhava com Gilberto Freyre, Caio Prado Jr., Celso Furtado e Sérgio Buarque de Holanda uma largueza de escopo que o pensamento social do país jamais voltaria a igualar, aliando anseio por justiça social, densidade teórica e qualidade estética. Com eles também partilhava o gosto pela forma do ensaio, incorporando o legado modernista numa escrita a um só tempo refinada e cristalina.

Com seu saber enciclopédico, sua atitude generosa e seu olhar sensível sobre a cultura e a sociedade, Candido integra uma linhagem de pensadores latino-americanos que marcariam para sempre a produção intelectual do continente, com influência internacional.

Segundo Ana Luisa Escorel, filha Antonio Candido e responsável pela publicação da obra do pai entre 2006 e 2022, a passagem para uma nova editora completa o movimento virtuoso iniciado na Ouro sobre Azul. “Agora, sob os cuidados da Todavia, um público mais amplo poderá entrar em contato com essa obra fundamental da cultura brasileira”, escreve a nova casa da obra de Candido.

Edição mais recente de clássico de Candido é da editora Ouro sobre Azul (Foto: Reprodução)

TRAJETÓRIA
Segundo informações da Agência Fapesp, Antonio Candido de Mello e Souza morreu no dia 12 de maio, aos 98 anos. Foi casado com Gilda de Mello e Souza, falecida em 2005.

Escritor, ensaísta e professor Emérito da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e doutor honoris causa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal de Pernambuco.

Nascido no Rio de Janeiro em 1918, Candido mudou-se ainda criança para Poços de Caldas. Considerava-se mineiro. Concluiu o ensino secundário em São João da Boa Vista, em São Paulo, e fez o curso complementar da Universidade de São Paulo (USP), entre 1937 e 1938, antes de ingressar no curso de Direito da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco – que abandonaria no último ano – e no curso de Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciência Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP).

Candido desenvolveu uma linha teórica influente nos estudos sociológicos e antropológicos das populações e comunidades rurais, cuja grande e referencial obra é “Os Parceiros do Rio Bonito”, publicado pela José Olympio em 1964, precedida do estudo seminal sobre o Cururu.

PROFESSOR
Entre 1958 e 1960, Candido lecionou literatura brasileira na Faculdade de Filosofia da Assis (interior do Estado de São Paulo) e lançou, em 1959, o livro “Formação da Literatura Brasileira”, no qual estuda a formação do sistema literário brasileiro. Voltou à USP em 1961 como professor colaborador da disciplina de teoria literária e literatura comparada.

Entre 1964 e 1966, deu aulas na Universidade de Paris e, em 1968, foi professor visitante na Universidade de Yale. Aposentou-se da USP em 1978, tendo, no entanto, permanecido ligado à pós-graduação.

Candido publicou duas dezenas de livros. Ganhou o Prêmio Camões em 1988, o Prêmio Machado de Assis em 1993, os Prêmios Jabuti em 1960, 1965, 1966 e 1993, o Prêmio Internacional Alfonso Reyes – outorgado por instituições de arte e cultura do México – em 2005 e o Juca Pato em 2007.

O seu último livro, “Um funcionário da Monarquia: ensaio sobre o segundo escalão”, foi publicado em 2002.

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