Novo livro de Áurea Luz percorre a história da literatura em Guarapuava
À reportagem, a escritora conta que buscou relatórios, jornais, livros e redes sociais para suas consultas, que eram feitas diariamente, nos períodos da manhã e da tarde. Um dos locais preferidos foi o acervo da Casa Benjamin C. Teixeira. E a memória prodigiosa e curadoria do saudoso Murilo Walter Teixeira (1937-2021)
Conhecida pela produção poética e infantil, a escritora Áurea Domingues da Luz, a Áurea Luz no universo das letras, encampou um projeto que demandou quatro anos de pesquisa e estudos.
O resultado é “Literatura em Guarapuava: Da oralidade à virtualidade” (2023), livro impresso que sai agora pela Texto e Contexto Editora. O lançamento será nesta quinta-feira (13), às 18h, na Câmara Municipal de Guarapuava. Toda comunidade está convidada.
Em resumo, Áurea se debruçou sobre a história da literatura em Guarapuava, terra onde chegou em 1976 e construiu sua trajetória profissional e cultural.
Mas a autora precisou viajar ao tempo passado, em busca do “nascimento” da produção escrita literária, passando por diferentes períodos até chegar à contemporaneidade, no século 21, marcada pela publicação em plataformas digitais.
À reportagem, a escritora conta que buscou relatórios, jornais, livros e redes sociais para suas consultas, que eram feitas diariamente, nos períodos da manhã e da tarde. Um dos locais preferidos foi o acervo da Casa Benjamin C. Teixeira. “O jornal é muito importante para isso”. E a memória prodigiosa e curadoria do saudoso Murilo Walter Teixeira (1937-2021), figura de proa da cena histórica de Guarapuava.
Nessa imersão temporal, Áurea foi até o século 18, período da primeira expedição ao território denominado de “Campos de Guarapuava” pela Carta Régia de 1809. Nessa época dos 1700, nem jornal tinha, pois a imprensa chegou ao Brasil somente no século 19 com a vinda da família real portuguesa.
Segundo seu livro “Literatura em Guarapuava”, o primeiro texto escrito em português está no diário dessa expedição, um relatório escrito por Afonso Botelho, com data de 25 de dezembro de 1773. Trata-se de soneto atribuído a um dos soldados e que registra a decepção dos exploradores por não encontrarem metais preciosos no leito do Rio Jordão.
Esse poema foi transcrito literalmente do referido relatório, constante dos Anais da Biblioteca Nacional vol. 76 – “Notícias da Conquista e Descobrimento dos Sertões do Tibagi”.
Já o segundo poema, também um soneto, é de 4 de janeiro de 1774. O texto faz alusão à Fortaleza Nossa Senhora do Carmo erguida pelos exploradores na localidade do Pinhão e destruída pelos indígenas, conforme o livro da autora.
“Os textos literários referem-se à natureza e aos fatos históricos da região e são considerados, até o momento desta pesquisa, os primeiros escritos literários em idioma português em Guarapuava, que, na época, ocupava vasta região. São também referenciados como os primeiros textos poéticos escritos em português em terras do atual Estado do Paraná”, escreve Áurea em seu “Literatura em Guarapuava”.
PRIMEIRO LIVRO
Já o primeiro livro publicado em Guarapuava foi uma espécie de “esboço da história” local, conforme Áurea Luz, na pena de Eurico Branco Ribeiro, no ano de 1922. Momento de grande efervescência cultural, com a Semana de Arte Moderna em São Paulo.
“O prefeito da época criou uma comissão para escrever um livro sobre os 100 anos da cidade”, conta Áurea. Assim, essa equipe trabalhou no material e Ribeiro ficou responsável pela redação. Mas o que saiu foi na forma de encarte para o almanaque dos municípios que era editado pelo governo.
E também saiu um resumo desse material no então jornal guarapuavano O Pharol, em edição especial de 46 páginas.
Depois, o livro mesmo em terras guarapuavanas saiu como álbum sobre as primeiras famílias e empreendimentos na cidade.
ESCRITORES
Ao final do livro, Áurea Luz classifica os escritores e escritoras de Guarapuava em períodos literários. Segundo seu texto, foi a partir da emancipação do município, em 1871, que o cidadão guarapuavano intensificou ações em busca de fortalecimento associativo, modernização dos meios de vida e fortalecimento da cultural local.
“Daí a classificação dos escritores guarapuavanos por períodos literários também a partir do Romantismo, levando em consideração características, períodos das obras publicadas e atuação do escritor na comunidade”. Os dados foram obtidos por meio de pesquisa em jornais, publicações, análises de iniciativas e eventos registrados em documentários históricos.
Assim, os períodos são: Precursores, Pré-Modernismo, Modernismo, Moderno, Contemporâneo – além de Escritores Contemporâneos com uma obra única publicada até 2020. Aliás, na seção mais atual Áurea lista nomes muito conhecidos para os leitores de hoje.
ESTRUTURA
“Literatura em Guarapuava: Da oralidade à virtualidade” conta com apresentação da professora Rosana Gonçalves, que é Doutora em Letras Teoria Literária e Literatura Comparada; prefácio de Áurea Luz; e posfácio de Rafael Edling, advogado, pesquisador e membro do Instituto Histórico de Guarapuava (IHG).
São 176 páginas recheadas de farto material documental, reproduzindo poemas e páginas de jornais. Além de referências bibliográficas.
TRAJETÓRIA
Natural de Cascavel, Áurea Luz se estabeleceu em Guarapuava em 1976, onde se graduou em Letras e Administração. Foi professora e trabalhou na área empresarial.
Já no campo cultural, é membro da Academia de Letras, Artes e Ciências de Guarapuava (Alac) e autora de 12 obras literárias, sendo seis infantis. Entre os destaques, a organização de “Guarapuava em versos”, antologia de poetas guarapuavanos”; e “Marcas da Existência”, antologia de memórias literárias.
SERVIÇO
Aberto a toda comunidade, o lançamento de “Literatura em Guarapuava: Da oralidade à virtualidade” é nesta quinta-feira (13), a partir de 18h, na Câmara Municipal de Guarapuava, que fica na rua Pedro Alves, 431, Centro (ao lado da Prefeitura).
Durante o evento, haverá participações especiais de convidados e uma apresentação da autora Áurea Luz sobre seu novo livro. Além, claro, da comercialização de exemplares (R$ 60 cada) e autógrafos.
Posteriormente, a obra será vendida exclusivamente na Gato Preto – Discos e Livros (rua Azevedo Portugal, 1.362, Centro, perto da “Praça da Prefeitura”); ou diretamente com a autora, via redes sociais (@aurealuz.viaversos).