Lendário escritor paranaense Dalton Trevisan falece aos 99 anos
Ele era mestre da concisão textual e da síntese humana de temas relacionadas à cobiça, sexo, poder… enfim, de personagens reduzidos a suas obsessões e miudezas de caráter
Considerado um dos maiores escritores da moderna literatura brasileira, o paranaense Dalton Trevisan faleceu nesta segunda-feira, 9 de dezembro, aos 99 anos de idade.
Essa informação foi confirmada na conta oficial de Dalton no Instagram. Aliás, página que fora criada em 2024 quando se anunciou a mudança de editora. No ano que vem, a obra daltoniana será republicada pela Todavia. A causa da morte não foi informada.
“Todo vampiro é imortal.
Ou, ao menos, seu legado é.
Dalton Trevisan faleceu hoje, 09 de dezembro de 2024, aos 99 anos”, diz o post em @trevisan.dalton
Já a Todavia escreveu que “ao longo de sete décadas, Dalton produziu alguns dos mais belos livros de toda a literatura mundial. Foi publicado em inúmeros idiomas e muitas vezes premiado. Sobretudo, foi o escritor que para incontáveis leitores traduziu algo da graça e da dor de se estar vivo. A Curitiba dele viverá sempre em seus livros. É com pesar que oferecemos nossos sentimentos aos amigos, familiares e leitores”, em @todavialivros
Ele era mestre da concisão textual e da síntese humana de temas relacionadas à cobiça, sexo, poder… enfim, de personagens reduzidos a suas obsessões e miudezas de caráter.
Dalton produziu de maneira fértil seus contos até os 90 anos de idade. Sempre revisando e reduzindo. Nos últimos momentos de sua vida, estava mais concentrado na reescrita, na lapidação interminável. Inclusive, para as reedições que serão lançadas em 2025.
Uma de suas obras mais famosas é “O Vampiro de Curitiba” (1965), com narrativas em torno de Nelsinho. Essa obra passou a apelidar Dalton como o Vampiro de Curitiba, pela sua reclusão e aversão a entrevistas. Diziam que só não gostava de conversar com a imprensa, mas era receptivo a leitores e leitoras.
A Secretaria de Estado da Cultura do Paraná (Seec) manifestou profundo pesar pelo falecimento. “Mestre do conto, desvendou como poucos as complexidades humanas e as angústias cotidianas da vida urbana. Dalton retratou com crueza a solidão, os dilemas morais e as contradições da classe média, com um olhar atento para os excluídos e marginalizados”, diz a Seec.
O Vampiro de Curitiba criou uma obra enraizada na capital paranaense, elevando suas ruas e seus bairros a verdadeiros personagens. Livros como “O Vampiro de Curitiba”, “A Polaquinha” e “Cemitério de Elefantes” revelam uma Curitiba sombria, mas também lírica, onde a banalidade do cotidiano convive com dramas intensos.
Sua reclusão pública contrastava com a vivacidade de sua escrita, que permanece como um marco da literatura brasileira contemporânea. Dalton deixa um legado de rigor literário, criatividade e uma visão aguda e implacável sobre o ser humano.
“Neste momento de luto, a SEEC presta solidariedade aos familiares, amigos e admiradores. Que sua obra continue a inspirar muitas gerações de leitores e escritores. Todo vampiro é imortal”, diz o texto.