Festival de Curitiba leva arte a pessoas em situação de rua

O artista de circo Eduardo Stefano Zanquetti, do Circo Hartyn, pela primeira vez se apresentou para um público formado apenas por pessoas em situação de rua. Experiência gratificante, segundo disse

Cerca de 100 pessoas em situação de rua tiveram um dia diferente neste sábado (2 de abril 2022). O Festival de Curitiba, em parceria com a FAS (Fundação de Ação Social de Curitiba), preparou apresentações culturais no Mesa Solidária.

No local, embaixo do viaduto do Colorado e ao lado da Casa de Passagem Solidariedade, estava uma plateia diferente que não tem acesso a grandes teatros e é acostumada a só ouvir “não”. Invisíveis para parte da sociedade, neste sábado eles eram espectadores vibrantes que puderam sorrir por alguns minutos.

“Trouxe alegria para a gente e era o que precisávamos. Eu amo arte”, afirma Paulínia, uma das espectadoras presentes no espaço.

O artista de circo Eduardo Stefano Zanquetti, do Circo Hartyn, pela primeira vez se apresentou para um público formado apenas por pessoas em situação de rua. Experiência gratificante, segundo disse.

“A alegria e o circo não estão apenas dentro de uma lona. Estão em qualquer lugar. Foi emocionante. O público estava com energia total e contagiante”.

Para o artista Vitor Vinicius Gregório da Silva, do Circo Vittaly, oferecer arte a esse público representou uma experiência única. “Você não sabe qual a história da vida deles, se perderam pai, mãe, ou caíram nas drogas — situações a que qualquer um está sujeito. Ninguém é melhor que ninguém nesse mundo. E quando vem alguém e os trata de igual para igual, para eles é muito gratificante e para nós também”.

Segundo Vitor, a plateia do Mesa Solidária se mostrou mais receptiva e sorridente comparada ao público que frequenta espaços fechados. “Ontem, fizemos espetáculo no circo para um público muito mais vazio de alma. As pessoas aqui se emocionaram de verdade e nos deram valor. A palma é sempre um incentivo para o artista e, quando você vê essa energia, recebe isso e consegue fazer um espetáculo ainda mais bonito”.

Emocionado, ele afirma que a arte pode transformar a vida dessas pessoas. “Essas pessoas são muito puras, têm a bondade de uma criança. Eles não queriam estar aqui. Para eles, uma programação como essa pode ser uma inspiração”.

De acordo com a coordenadora da Casa de Passagem Solidariedade, Viviane Wengerzynski, a ação possibilitou que as pessoas tivessem entretenimento, algo raro para esse público. “Esses momentos são ótimos, pois é uma população que não tem acesso ao teatro. São excluídos. E o festival veio no espaço em que eles estão e frequentam. E como o espaço é deles, é algo que proporcionou um momento que, de outra forma, seria difícil que tivessem acesso”.

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