Escritora estreia em livro infantil com metáfora sobre o ciclo da água

Radicada em Guarapuava, a ponta-grossense Ana Bela dos Santos é geógrafa, psicóloga, psicanalista e agora debuta no mundo literário com uma obra infantil que faz referência ao processo da criança entender o nascer, crescer e morrer

“Eu juro que quando eu cheguei aqui, e ele me chamou de escritora, eu parei dois segundos e pensei, não, eu sou professora. Daí eu falei, sou, sou eu”. Essa é Ana Bela dos Santos (36 anos), educadora, psicóloga, psicanalista e agora escritora.

Morando há seis anos em Guarapuava, ela é ponta-grossense e começou a lecionar em 2003. Durante os anos seguintes, adaptou-se ao universo das aulas e passou ser chamada de professora.

Se autointitular ou ser intitulado escritor é um processo que pode ser bastante complicado para muitos autores, principalmente quando se tem outras formações anteriores.

Entretanto, produzir um livro infantil que une todas as suas especialidades não pode deixar de ser reconhecido como livro. E se o livro é um livro, quem escreveu é escritor.

“Um lugar para chover” é um livro infantil que caminha entre o ciclo da água e o sentimento de poder chover em alguém. A história é inspirada em um caso que a psicanalista atendeu em 2014, quando uma criança, momentos antes de receber alta, agradeceu a Ana por poder falar sobre seus sentimentos.

Foi neste momento que a escritora reconheceu aquelas palavras como uma metáfora a um lugar para chover. Após vários anos, a pandemia de Covid-19 se apresentou ao mundo e Ana entendeu como o momento certo para escrever sobre isso.

“Estávamos tão preocupados com os nossos lutos que a gente às vezes deixou de perceber, também do luto que as crianças estavam vivendo pelo simples motivo de não poder ir pra escola, não estar com os amiguinhos etc.”, constatou a educadora.

Como deixar o sentimento das crianças de lado não era uma opção para a autora, os versos de “Um lugar para chover” nasceram e, após enviar para alguns amigos e familiares, Ana Bela resolveu publicar.

EDITORA
A partir de investimentos próprios, a escritora entrou em contato com a editora Telha e o processo de construção visual do livro começou. Com ilustrações de Bruna Hermínio, a construção das figuras que resultaram na obra superou as expectativas da autora. Na esperança de um livro todo em aquarela e inteiramente em tons de azul, Bruna trouxe elementos em verde, marrom, amarelo e outras cores que singelamente construíram a atmosfera que Ana Bela esperava para o material.

A ilustradora acha que o projeto ter sido pensado em azul representa bem a sensibilidade da história e dava o foco que Ana gostaria.

“É sempre importante sentir quando a história precisa de muitos ou poucos detalhes e informações visuais para se atingir o objetivo da história”, comentou Bruna.

O editor da obra, Douglas Evangelista, considera essa uma das histórias mais bonitas publicadas pela editora.

“Sou um entusiasta da psicologia, faço análise e tenho interesse nos temas existenciais, e o modo que um assunto denso como a morte é abordado no livro é genial”, finalizou o editor.

*************Reportagem: Millena Ricardo, especial para CORREIO

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