Apenas a verdade

Neste 1º de abril, considerado o Dia da Mentira, ao invés de publicar uma notícia fake, de brincadeira, para testar os leitores, como reza a tradição nesse tipo de data, o CORREIO prefere defender a verdade. Por isso, apresenta uma lista de filmes e livros permeados pela investigação exaustiva e busca da clareza

Em tempos de fake news (a versão mais virulenta e radical dos antigos boatos), nada melhor que a verdade como antídoto. Em resumo, a informação checada, responsável e com credibilidade.

Por isso, neste 1º de abril, considerado o Dia da Mentira, ao invés de publicar uma notícia fake, de brincadeira, para testar os leitores, como reza a tradição nesse tipo de data, o CORREIO prefere defender a verdade, pura e simples.

Para tanto, a equipe do #curta! apresenta uma lista de filmes e livros permeados pela investigação e clareza, jogando luz na obscuridade da mentira.

SPOTLIGHT
O cinema é um prato cheio para filmes investigativos, que costumam se basear em casos reais ou livros para se chegar à verdade dos fatos.

Uma das produções hollywoodianas mais consagradas nos últimos tempos é “Spotlight: Segredos Revelados” (2015), com direção de Tom McCarthy. Baseado em uma história real, o drama mostra um grupo de jornalistas em Boston que reúne milhares de documentos capazes de provar diversos casos de abuso de crianças, causados por padres católicos. Durante anos, líderes religiosos ocultaram o caso transferindo os padres de região, ao invés de puni-los pelo caso.

É a força do jornalismo profissionalismo para trazer a verdade à tona, custe o que custar. Tem Michael Keaton, Mark Ruffalo e Rachel McAdams no elenco principal.

Filme disponível no streaming: Star+ (para assinantes); ou aluguel online no YouTube, Amazon Prime Video, Apple TV e Google Play.

CLÁSSICO
É impossível não mencionar o clássico “Todos os Homens do Presidente” (1976), de Alan J. Pakula.

Em 1972, sem ter a menor noção da gravidade dos fatos, um repórter (Robert Redford) do Washington Post inicia uma investigação sobre a invasão de cinco homens na sede do Partido Democrata, que dá origem ao escândalo Watergate e que teve como consequência a queda do presidente Richard Nixon.

É o resultado do trabalho incansável de dois jornalistas, Robert Woodward (Robert Redford) e Carl Berstein (Dustin Hoffman).

Filme disponível no streaming, para aluguel online: YouTube, Amazon Prime Video, Apple TV e Google Play.

Cena do clássico “Todos os Homens do Presidente” (Foto: Reprodução)

REDES SOCIAIS
No campo dos livros, merece destaque “A máquina do ódio: Notas de uma repórter sobre fake news e violência digital” (Companhia das Letras, 2020), da jornalista Patrícia Campos Mello.

Dias antes do segundo turno da eleição de 2018, Mello publicou a primeira de uma série de reportagens sobre o financiamento de disparos em massa no WhatsApp e em redes de disseminação de notícias falsas, na maior parte das vezes em benefício do então candidato Jair Bolsonaro. Desde então, a repórter tornou-se alvo de uma violenta campanha de difamação e intimidação estimulada pelo chamado gabinete do ódio e por suas milícias digitais.

No livro, a jornalista discute de que forma as redes sociais vêm sendo manipuladas por líderes populistas e como as campanhas de difamação funcionam qual uma censura, agora terceirizada para exércitos de trolls patrióticos repercutidos por robôs no Twitter, Facebook, Instagram e WhatsApp – investidas que têm nas jornalistas mulheres suas vítimas preferenciais.

EVANDRO
Aqui cabe uma indicação em dose tripla em torno do mesmo tema: o caso Evandro, que chocou o Brasil nos anos de 1990.

Com apenas 6 anos de idade, o menino Evandro Ramos Caetano sumiu em 1992, no Paraná. Poucos dias depois, seu corpo foi encontrado sem mãos, cabelos e vísceras, o que levou à suspeita de que ele fora sacrificado num ritual satânico. Passados três meses, numa reviravolta que deixou até os investigadores atônitos, sete pessoas – incluindo a esposa e a filha do prefeito da cidade – foram presas e confessaram o crime. O caso, que ficou conhecido como “As bruxas de Guaratuba”, teve imensa repercussão. Especulações sobre o crime diabólico preencheram páginas e mais páginas de jornais, e ocuparam a programação televisiva.

Décadas depois, o caso foi retomado por Ivan Mizanzuk para a 4ª temporada do podcast Projeto Humanos, revelando como procedimentos investigativos contestáveis e denúncias de tortura puseram em xeque a validade não apenas do trabalho policial, mas também das confissões dos supostos culpados. Essa pesquisa se transformou no livro reportagem “O Caso Evandro: Sete acusados, duas polícias, o corpo e uma trama diabólica” (HarperCollins, 2021) e na série documental do Globoplay “O Caso Evandro” (2021).

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