Regional de Irati é a terceira que mais produz erva-mate no Paraná
O Núcleo Regional fica atrás somente das regionais de União da Vitória e Guarapuava. São mais de 92 mil toneladas por ano
A safra de 2021 apontou que o estado do Paraná é o maior produtor de erva-mate do país, com 715 mil toneladas por ano. A regional de Irati ocupa o terceiro lugar na produção estadual, com mais de 92 mil toneladas/ano, ficando atrás somente das regionais de União da Vitória e Guarapuava.
O município de Irati, além de consumir a erva-mate, é referência no cultivo e industrialização do produto, que chega também aos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Apesar de a regional de Irati ocupar o terceiro lugar na produção estadual, o cultivo da planta passa por um processo de incentivo aos agricultores.
Por ser um mercado em expansão, a produção local já não atende a demanda industrial do município. Para suprir a necessidade, é preciso também comprar matéria-prima de Inácio Martins, Bituruna, Ivaí, Prudentópolis, São Mateus do Sul, Rebouças, Imbituva, Ipiranga e Pinhão.
A fim de incentivar a cultura da erva-mate, a Secretaria Municipal de Agropecuária, Abastecimento e Segurança Alimentar oferece palestras e cursos aos agricultores, além de ter distribuído mais de 10 mil mudas, ao longo da atual administração. “Estamos incentivando o cultivo da erva-mate, levando o conhecimento para que as pessoas percebam o quanto podem lucrar com esta planta nativa, que além de tudo é sustentável”, afirma o secretário Raimundo Gnatkowski.
VIABILIDADE
O secretário Raimundo ressalta que a erva-mate pode ser cultivada tanto por grandes proprietários de terras, quanto por pequenos produtores rurais, sendo que a maior parte do produto vem da agricultura familiar. “Os terrenos pequenos e íngremes podem ser aproveitados para o desenvolvimento de quatro culturas ao mesmo tempo, a araucária que produzirá o pinhão, a guabiroba, a erva-mate e a criação de abelhas”, frisou.
PROCESSO
A erva-mate leva em torno de cinco anos para ser feita a primeira colheita, depois disso, os brotos crescem novamente, podendo ser colhida duas vezes ao ano. Se bem cuidada, a planta tem vida longa.
O plantio, manejo e colheita são feitos de maneira braçal. Apenas algumas ferramentas são utilizadas para facilitar, como tesoura elétrica, a mesma que é usada para a poda da uva, por exemplo.
A família Giotti tem uma relação com a erva-mate que perpetua por mais de 70 anos. Marcos Henrique Giotti, natural de Santa Catarina, e seus três irmãos são ervateiros e aprenderam a lidar com o produto com seus pais, a profissão passa de geração em geração.
Quando Marcos Henrique iniciou sua carreira no ramo da erva-mate, se instalou em Sorriso MT, mas como a qualidade do produto não estava boa naquela região, ele preferiu mudar para o Paraná. E escolheu Irati para traçar sua história. Há 11 anos no município, a ervateira detém seis marcas, além de fabricar o produto final, também entrega matéria-prima para outras indústrias.
João Henrique Giacomini Giotti, engenheiro agrônomo, sintetiza o processo feito pela ervateira. “Quando a matéria-prima chega, passa por uma seleção; depois vai para o sapeco que é o contato da folha com o fogo fazendo com que inative as enzimas e pare a oxidação da planta. No secador, reduz a umidade, vai para uma peneira que separa a folha dos galhos. Depois vai para os moinhos, empacotamento e comercialização”.
No inverno, a oferta de matéria-prima é maior, a ervateira de Irati recebe em média 75 toneladas de folhas por dia. Que resultam em 35 toneladas do produto final, diariamente. “Durante o restante do ano a indústria reduz a entrada, pois, com o calor o produto estraga antes, tendo que ser processado no mesmo dia em que colhe”, informou o proprietário da ervateira, Marcos Henrique Giotti.
EVOLUÇÃO
Historicamente, a erva-mate não tem o mesmo apreço que o café, pois o mundo ainda está em processo de descoberta do produto. “Agora está sendo mais explorada, indo além do chimarrão, do tereré e do chá. A indústria está expandindo para a produção de cosméticos, fármacos, corantes. Além disso, os países que estão mais ao norte, onde o frio é intenso, o chimarrão seria uma excelente opção para se aquecer, pois ele é consumido demoradamente”, apontou o engenheiro agrônomo, João Henrique Giacomini Giotti.
O consumo da erva-mate iniciou por meio de chás feitos pelos indígenas no Brasil. Na região, o chimarrão se destaca e faz parte da tradição do sul do país, ele acompanha os melhores encontros, e se consumido em quantidade certa, traz muitos benefícios para saúde. “Algumas pessoas colocam ervas medicinais junto, então se torna um veículo para consumir ervas como camomila, capim-limão e outras”, lembrou João Henrique.
*Secom/ Irati