Região de Guarapuava deve ter produção positiva no campo

A região de Guarapuava tem como protagonistas a soja e o milho nesta safra, que, mesmo sendo inferior a 2019/2020, deve colher bons frutos; já os chamados grãos de inverno – como a cevada e o trigo – foram excelentes, na avaliação de um produtor

As chuvas ocorridas nas últimas semanas na região de Guarapuava contribuíram para o desenvolvimento das lavouras da safra de verão. De forma mais significativa, as culturas de soja e milho estão bem postadas neste mês de dezembro. 

De acordo com o técnico do Departamento de Economia Rural (Deral), Dirlei Antonio Manfio, que atua no Núcleo Regional da Secretaria de Estado de Abastecimento e Agricultura (Seab), apenas a soja ainda tem pequenas áreas a serem plantadas. 

Inclusive, esse grão deve se espalhar por cerca de 288,7 mil hectares na região, com uma produtividade estimada em 3,9 mil kg/ha. “Não é uma safra ideal, mas está de acordo”, resume o técnico. 

No que diz respeito ao milho, que possui um potencial produtivo de 10,8 mil kg/ha, a área total está na casa dos 54 mil hectares. São números inferiores à safra 2019/2020, que foi considerada boa na região de Guarapuava. 

“Teve falhas de falta de chuva, mas foi uma safra boa. Choveu pouco, mas na hora certa. O milho foi recorde e a soja dentro da normalidade”, indica Manfio. 

Em meio à pandemia do novo coronavírus, destacam-se os elevados preços dessas duas culturas. Segundo o técnico do Deral, os baixos estoques e o preço recorde do dólar acabaram mantendo os valores acima da estimativa. 

“A safra está boa, e hoje está terminando o plantio. Vai depender de março, abril [de 2021], se o preço se mantiver até lá”, acrescentando que quase 40% da produção foi comercializada antecipadamente. “Boa parte dos produtores vendeu a R$ 90, R$ 100 a saca, e hoje a soja está em R$ 150”, diz Manfio. 

INVERNO

A “terra do lobo bravo” é nacionalmente conhecida pela qualidade da produção dos chamados grãos de inverno. Aqui, cevada e trigo têm protagonismo garantido. 

Neste ano, de acordo com o técnico do Deral, houve uma redução na produtividade das culturas, mas a qualidade do produto foi singular. 

“A qualidade está excelente, melhor que a do ano passado”, indicando que tudo que for colhido alimentará as indústrias de maltaria e panificação, respectivamente. 

AGRICULTOR

Em Guarapuava, o produtor Gabriel Gerster possui uma área de 187 hectares na localidade Três Capões, e a utiliza para produção. No momento, está trabalhando com cinco cultivares de soja, e avalia que as lavouras estão boas. 

“A seca influenciou um pouco na germinação. Acho que perdemos algumas plantas, mas ainda é difícil mensurar o quanto isso representa”, diz o agricultor. De modo geral, os mais de 60 mm de chuva acumulados no fim de novembro acabaram amenizando esses impactos.

Já nas culturas de inverno, cuja colheita foi finalizada há algumas semanas, Gerster afirma que teve um excelente resultado, tanto na produtividade quanto na qualidade. O trigo ficou em 4,3 mil kg/ha e a cevada em 5 mil kg/ha. “Para as culturas de inverno, o clima seco foi benéfico. Infelizmente, para o milho e a soja vai ser o contrário”, acrescenta. 

ECONOMIA

Para Gabriel, o setor agropecuário irá contribuir com a retomada econômica no cenário de pós-pandemia, que deve ocorrer em 2021. Ele também atua como conselheiro fiscal da Cooperativa Agrária Agroindustrial.

“Pude notar que vários clientes da Agrária, principalmente no setor cervejeiro, pediram a prorrogação de pagamento. Porém, a demanda por malte de outros produtos se manteve estável, a demanda foi boa. Também tivemos a alta absurda nas commodities, devido ao dólar”, acrescentando que poucos produtores conseguiram vender nos preços atuais. 

Além disso, os últimos meses têm sido positivos para os agricultores, mas demandam cuidados, já que a tendência é o encarecimento de insumos e máquinas agrícolas, e o aumento da inflação. 

“Assim, esse bom momento pode inverter rapidamente se o real se valorizar pós-pandemia. Acho que vivemos um momento bem peculiar na agricultura, influenciado por uma série de acontecimentos anormais”, completa Gerster.

Essa é uma percepção compartilhada pelo técnico do Deral, que vê o setor agro bastante aquecido neste fim de ano. “A covid-19 paralisou muitos segmentos, mas o agro não para. Está aquecido e fortalecendo a economia nacional”.

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