Pesquisa da Unicentro salienta a sustentabilidade do cultivo de uvas orgânicas

Um projeto de pesquisa desenvolvido na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) vem consolidando a instituição como uma referência em conhecimentos sobre a fruticultura orgânica. Coordenado pelo professor Renato Botelho, do Departamento de Agronomia (Deagro), o estudo é realizado em duas frentes: uma voltada ao cultivo de uvas para produção de vinho e outra focada na integração entre espécies frutíferas exóticas e nativas.

“A necessidade de aumentar a sustentabilidade produtiva tem forçado a reavaliação dos modelos convencionais de produção e a proposição de sistemas com menor impacto ambiental”, justifica o docente sobre a importância desse estudo na atualidade.

Após 18 anos de dedicação a esse tema de pesquisa, Botelho foi promovido ao nível B da Bolsa Produtividade em Pesquisa, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “A bolsa permite que participemos de congressos internacionais e busquemos parcerias multi-institucionais”, salienta o professor.

Além dele, os professores Marcelo Müller e Fabrício Ávila, também do Deagro, integram os projetos sobre fruticultura, bem como alunos e alunas de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado. O projeto ainda possui parceria internacional com o professor António Jordão, do Instituto Politécnico de Viseu, em Portugal.

Para a mestranda em Agronomia da Unicentro Thalita Correa, integrante da equipe, estudar o cultivo de uvas contribui para os avanços neste setor produtivo. “A fruticultura é uma área essencial da agricultura brasileira, representando uma importante fonte de renda, diversificação produtiva e geração de empregos, tanto em pequenas propriedades quanto em empreendimentos de grande escala”, destaca a pesquisadora.

Na linha de pesquisa sobre o manejo orgânico para a produção de vinho, Renato e outros pesquisadores estudam o desempenho da uva Sangiovese. Experimentos são feitos em um vinhedo comercial em Guarapuava com o intuito de comparar o sistema de cultivo convencional com o orgânico. “O avanço da agricultura orgânica tem estimulado a adoção de práticas sustentáveis também na viticultura, promovendo a biodiversidade e reduzindo o uso de insumos químicos”, relaciona o coordenador.

PLANTAS FRUTÍFERAS NATIVAS E EXÓTICAS
Já na linha de pesquisa voltada às plantas frutíferas nativas e exóticas, o foco está nas espécies de araucária, nogueira-pecã, castanheira portuguesa, jabuticabeira e goiabeira serrana. O objetivo desta frente do estudo é priorizar a sustentabilidade produtiva. “A abrangência da pesquisa é multidisciplinar, buscando verificar o impacto socioeconômico, microclimático e agroecológico dos diferentes sistemas produtivos”, descreve o coordenador.

Nos experimentos no vinhedo em Guarapuava, a equipe da Unicentro acompanha o desenvolvimento das plantas, avalia periodicamente a saúde delas e, ao final do processo, faz análises químicas para averiguar a qualidade dos vinhos produzidos. “Cada inovação na produção agrícola deve ser devidamente estudada, verificando seus efeitos, sobretudo na qualidade dos alimentos, na qualidade ambiental e na fisiologia e bioquímica das plantas cultivadas”, destaca Botelho.

A mestranda Thalita tem acompanhado o crescimento e o manejo das videiras em Guarapuava, assim como a coleta de dados sobre elas. A inserção nestes ambientes tem permitido observar alguns resultados parciais da pesquisa. “Até o momento, os registros de campo indicam um desenvolvimento vegetativo satisfatório sob o sistema orgânico, com evidências iniciais de estabilidade no comportamento das plantas e na adaptação ao ambiente de cultivo”, resume a mestranda.

Para ela, estudar o tema a capacita para inovar em funções desempenhadas na cadeia produtiva da uva. “O domínio dessas práticas amplia meu campo de atuação profissional, possibilitando a inserção em instituições de pesquisa, universidades, extensão rural, consultorias especializadas e projetos ligados à agricultura orgânica e agroecológica”, projeta Thalita sobre as oportunidades de carreira para depois que finalizar seu mestrado na Unicentro.

***Reportagem: Comunicação/Unicentro