Dia Mundial do Café: Grãos especiais ganham espaço em lojas e cafeterias de Guarapuava

Apesar de mais caro, o café que é produzido em menor quantidade ganha em qualidade e permite uma nova experiência os consumidores da bebida. Conheça a história de um mineiro radicado na “terra do lobo bravo” que se tornou comerciante e um barista com dicas para compra e consumo

A grande maioria dos brasileiros não consegue sair de casa pela manhã sem antes tomar um café. A bebida que está na rotina de muita gente vem, ao longo dos anos, atingindo um público mais exigente, que busca novas experiências. Nesta quinta-feira (14 abr 2022), Dia Mundial do Café, o CORREIO mostra o que o público tem consumido para além do tradicional, conversando com quem conhece e gosta da bebida.

Mineiro de Muzambinho, o empresário Patrick Tomaz Dias (29 anos) está em Guarapuava há dois anos, e há quase 12 meses abriu uma loja de produtos alimentícios de Minas Gerais, incluindo os melhores cafés do Estado. “Nasci na roça, desde pequeno eu lembro de ter três anos e estar debaixo de um pé de café e meu pai apanhando. Meu avô era produtor, meu pai é e eu fui produtor enquanto eu morei lá”, conta.

Hoje, com cafés especiais e gourmet em suas prateleiras, ele aponta que esses têm sido os mais procurados pelo público que gosta da bebida. “Tinha um conceito que todo café especial ia para exterior, e nós ficávamos com os ruins, mas isso está mudando agora. A procura de café especial é uma cultura que está crescendo”, diz, comentando que os próprios clientes têm o ajudado e trazer mais variedades dos especiais para Guarapuava.

As marcas vendidas por Patrick vêm direto do Sul de Minas para Guarapuava. Na loja, o comerciante faz questão de mostrar as características de cada um. “Eu amava mexer com café, e a vida me jogou aqui [em Guarapuava] e eu me senti bem deslocado. É uma cultura totalmente diferente. A ideia da loja foi para me aproximar da minha terra e o produto que eu mais gosto de vender é o café porque eu acredito que está no DNA da minha família”, afirma Patrick.

Empresário Patrick Tomaz Dias e barista Vinicius Ferreira (Foto: Redação/Correio)

TIPOS
Visitante assíduo da loja “mineira”, o barista Vinicius Ferreira (26 anos) é um grande conhecedor de café. O jovem, que é formado em História, acabou mudando de profissão e se tornou um “nerd de café”, como ele diz. No instagram (@vncbarista), Vinicius mostra suas descobertas sobre marcas de café – e vinhos.

Ao explicar as diferenças entre os tipos de café, ele destaca os pontos que podem influenciar no gosto do café. “Um café, do mesmo lugar, da mesma região, pode ser beneficiado de formas diferentes, ou seja, o jeito que ele vai ser secado, envasado, empacotado. Vai ter o fator da moagem, a forma que você vai armazenar vai influenciar e também, o tipo de moagem para o tipo de método que você vai coar”.

Sobre o tradicional, ele comenta que se trata de um café misturado, ou seja, com grãos com características diferentes. “Eles vão pegar o que está pronto para ser colhido, o que já passou da época e o que está verde. Vai se colher tudo junto e vai torrar igual. É torra que vai homenagear o café e aí você vai ter o extraforte que é o café um pouco mais torrado”. Vinicius também alerta que nem todo café 100% arábica é bom. Já o café superior é um pouco mais selecionado, estando entre o tradicional e o gourmet, que hoje já se consegue encontrar nos mercados. “O gourmet é bem mais bacana, é selecionado, é mais controlada a produção dele”.

Mas a atenção do barista está voltada ao café especial, um tipo que tem toda a produção muito bem planejada. “É controlado desde a hora que é plantado até a xícara. O café especial é sempre microlote, não se produz muito para vender no mercado. É colhido a mão, na hora da seleção vai ser selecionado a mão. É bem artesanal, por isso que ele é caríssimo”, destaca.

PARA LEVAR
Em Guarapuava, o estilo norte-americano de consumo, que se resume na agilidade da compra e no beber enquanto está indo para o trabalho, por exemplo, também está presente. Apesar de ainda ser novidade, o estilo está começando a ganhar público na “terra do lobo bravo”.

O contador Bruno Furtado Santos (30 anos) e a esposa Larissa Graff da Rosa Furtado estão à frente de uma unidade de franquia de café que preza por este tipo de serviço. “A gente sempre gostou da ideia do ‘coffee to go’ [‘café para levar’], aquele café americano. Essa questão de ser algo rápido para você ir para o trabalho. A gente achou legal”, conta Bruno. Inicialmente, ele fazia a contabilidade do negócio, mas acabou assumindo a empresa por gostar do produto.

Segundo ele, no início houve resistência dos guarapuavanos na forma de consumir o café. “A ideia não era ter mesas para o pessoal se sentar. A ideia era eles se servir e irem. A gente sentiu um pouco de resistência nessa questão. O pessoal gosta de se sentar para tomar um café”. Apesar de oferecerem diversas opções, o café tradicional quente ainda é o mais pedido. “Um dos nossos carros chefe é o café gelado, mas o pessoal tem uma certa resistência por pensar que o café gelado é ruim. A maioria são cafés quentes que saem mesmo”, explica Bruno.

O café do tipo especial vem de Minas e é moído na hora. “Tem aquela pirâmide da qualidade do café. Esse é de 80 pra cima. Então o Moka é um nível especial. Ele é 100% arábica, a torra dele é uma torra média e todo dia antes de servir o café, tiram uma dose, provam e anotam a questão da qualidade”. Outro ponto abordado por Bruno sobre os gostos do guarapuavano sobre café é a entrega por delivery. Ele comenta que no inverno, dias chuvosos e frios, cresce muito os pedidos. E mesmo sendo algo que é contrário à ideia do “coffee to go”, é algo que tem crescido bastante.

Contador Bruno Furtado Santos e a esposa Larissa Graff da Rosa Furtado estão à frente de uma franquia de café (Foto: Redação/Correio)
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