Altos custos mantêm resultados negativos na suinocultura

Preço pago aos produtores integrados não é suficiente para cobrir os custos totais da atividade. Independentes apresentaram melhora, mas ainda amargam prejuízos

Mesmo com os reajustes na remuneração do suinocultor, o valor recebido não é suficiente para cobrir os custos de produção da atividade. Essa é a realidade da suinocultura paranaense, que se manteve instável em 2021. 

Os resultados foram apresentados no levantamento de custo de produção, realizado pelo Sistema Faep/Senar-PR em novembro deste ano. 

Apesar da variação positiva em algumas modalidades de produção em comparação a maio, os gastos para sustentar a atividade continuam elevados e o saldo não saiu do vermelho. Na produção integrada, os maiores aumentos se deram em energia elétrica, combustíveis, Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e manutenção. Já na independente, houve redução dos gastos com alimentação, em função de uma leve queda nos preços da soja e do milho.

“O boom nos preços apareceu de forma mais significativa nos primeiros seis meses de 2021. Agora, a alta não foi tão generalizada quanto no semestre anterior, mas os custos continuam onerando o produtor. Com o aumento da depreciação, a viabilidade da atividade a longo prazo preocupa”, afirma Nicolle Wilsek, técnica do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema Faep/Senar-PR.

Para os produtores integrados, apesar do aumento do preço médio recebido nas modalidades UPD, UPL, UPT nos Campos Gerais e Crechário, as margens continuam estreitas e negativas. Na fase UPL da região Sudoeste, por exemplo, o saldo sobre os custos variáveis – que correspondem aos gastos básicos para a produção nas granjas – até subiu em relação a maio. Mas quando se coloca os custos com depreciação de instalações e equipamentos na conta, a receita obtida não é suficiente para cobrir os desembolsos.

O aumento dos custos com depreciação pode ser observado em outros sistemas produtivos. Em função da pandemia, a oferta de matérias-primas como aço e cimento foi reduzida, o que provocou uma disparada nos preços do setor da construção civil e de implementos. Dessa forma, além da dificuldade em realizar a manutenção das instalações das granjas, os investimentos para melhorias e ampliação da infraestrutura ficam inviáveis.

No mesmo cenário inflacionado pela pandemia, na região Oeste, a modalidade Crechário registrou aumento de 483,3% nos custos com EPIs (o item representa, em média, 3% no gasto total) e 388,4% com energia elétrica e combustíveis, enquanto as UPTs assinalaram alta de 117,2% e 32,7%, respectivamente. Nas UPDs do Sudoeste, as despesas com energia elétrica e combustíveis foram as maiores responsáveis pelo aumento do custo de produção, com 72,4%. 

A explicação está no agravamento da crise hídrica, com reajustes na tarifa, prática da bandeira vermelha e criação da bandeira tarifária de escassez hídrica, além da redução de subsídios à classe rural. “A participação da energia elétrica e combustíveis nos custos de produção passou de 10% para 15%, em média, enquanto o desembolso com mão de obra teve uma redução de 60% para 55%. Dessa forma, a queda observada nos gastos com mão de obra acabou sendo anulada, mantendo negativo o saldo sobre custos operacionais e totais”, afirma Luiz Eliezer Ferreira, do DTE do Sistema Faep/Senar-PR.

A suinocultura independente, apurada nos Campos Gerais, foi a única em que houve registro de saldo positivo sobre os custos operacionais e totais. Enquanto no primeiro semestre a modalidade Ciclo Completo foi fortemente afetada pelos gastos com alimentação e redução do preço pago ao suinocultor, agora, houve aproximação de uma estabilidade de valores. Apesar do resultado, os produtores independentes ainda amargam prejuízos e têm pouco capital para investimentos ou melhorias.

Segundo a presidente da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura, Deborah de Geus, a alternativa tem sido buscar ao máximo eficiência produtiva. “Cada produtor tem que olhar bem para sua propriedade, avaliar os pontos em que pode melhorar e quais deles têm maior impacto econômico. Claro que, nesse momento, é complicado fazer investimentos. Por isso é necessário muito planejamento, pois só sobrevive quem é realmente eficiente”, avalia. (Reportagem: Assessoria/Faep; foto: Ilustrativa/EBC). 

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