Vereadores de Guarapuava têm escolaridade acima da média paranaense

Levantamento da Uvepar revela que maioria dos vereadores em todo o Estado se limita aos ensinos fundamental e médio. Mas, em Guarapuava, quase metade tem superior completo

Contrariando a média paranaense, quase metade dos vereadores de Guarapuava tem alta escolaridade. Segundo os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos 21 legisladores guarapuavanos eleitos em 2016, dez informaram ter ensino superior completo.

É uma realidade diferente do levantamento feito pela União dos Vereadores do Paraná (Uvepar). Em um universo de 3.854 vereadores paranaenses, em 399 Câmaras, a maior parte é formada por pessoas eleitas apenas com o nível básico de escolaridade: são 1.550 edis com ensino médio completo (40,21% do total); outros 717 com ensino fundamental completo (18,60%); e 476 vereadores com ensino fundamental incompleto (12,35%).

A parcela estadual com ensino superior completo é minoria: 1.111 parlamentares (28,82%).

Nesse quesito, a Câmara de Guarapuava é um ponto fora da curva. A pesquisa da Uvepar não especifica os municípios; mas a reportagem do CORREIO checou os dados presentes no TSE, que informam o grau de escolaridade de todos os candidatos a vereador nas eleições municipais de 2016.

Dos 21 vereadores eleitos para a Câmara de Guarapuava, dez têm ensino superior completo; três com fundamental completo; e outros três declararam ensino médio completo.

No time da formação incompleta (que não terminaram a formação) aparecem cinco casos: dois com superior e três com o fundamental.

QUALIFICAÇÃO

Para o professor da área de Ética e Ciência Política, o doutor Claudio César de Andrade (Unicentro), a boa escolarização nem sempre é sinônimo de uma Câmara qualificada, principalmente no que se refere à produtividade e eficiência dos vereadores.

Quase metade dos vereadores tem ensino superior (Arquivo/Correio)

Penso que o vereador precisa ter uma boa formação no que tange a controle social, capacitação cívica e domínio constitucional. Precisa estar disposto em querer apreender inovações parlamentares e buscar experiências bem sucedidas em outras regiões. O Legislativo não pode sentir-se aquém do Executivo ou do Judiciário, diz, em entrevista ao CORREIO.

Segundo ele, um vereador precisa ter interesse e disposição para aprender em sua missão democrática.

CAPACITAÇÃO

Além de professor universitário, Andrade é conhecido pela vivência nos bastidores da vida pública da terra do lobo bravo. Ele conta que, anos atrás, ofereceu, junto com o Observatório Social de Guarapuava e o Judiciário, um curso de capacitação na área de processo eleitoral, crimes eleitorais e fundamentos de ciência política e elementos constitucionais. O resultado foi decepcionante, uma vez que não houve procura.

Tenho coordenado cursos de extensão em parceria com a Unicentro e a Diocese e vejo pouco interesse nos vereadores em buscar algo diferente.

O professor admite que ter apenas interesse não basta, é preciso algo mais. Conhecimento nunca fez mal a ninguém. A falta dele tem trazido mais prejuízo que benefício.