Unicentro pode ter dificuldades para fechar o ano, diz novo reitor

A universidade sofre em função do contingenciamento de 20% de seus recursos. Entre os orçamentos que compõem a instituição, o mais preocupante para Osmar Ambrósio de Souza é aquele que se refere às verbas de custeio

Desde o início deste ano, a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) convive com o contingenciamento de 20% de seus recursos. É uma medida que foi tomada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, em janeiro, para que fosse feita uma análise fiscal e financeira das universidades estaduais.

Segundo o novo reitor da Unicentro, Osmar Ambrósio de Souza, por conta dessa situação orçamentária a instituição não está bem. Claro que, no curto prazo, ainda não afeta no primeiro trimestre. Mas, no segundo trimestre em diante, começa a afetar, diz, em entrevista ao CORREIO. No provável dia 1º de abril, ele assumirá o comando da Reitoria, substituindo Aldo Nelson Bona (que irá para o Governo Ratinho Junior), e terminará o atual mandato.

Em outras palavras: se o contingenciamento se mantiver por mais tempo, a Unicentro terá muitas dificuldades para fechar o ano no azul. Entre os orçamentos que compõem a instituição, o mais preocupante para Souza é aquele que se refere às verbas de custeio, ou seja, a vida operacional da universidade.

O novo reitor explica que, nos últimos dez anos, medidas adotadas pelos sucessivos governos estaduais impactaram no orçamento da Unicentro, fazendo com que o valor total oscilasse quase sempre para baixo.

Assim, em caso de manutenção do atual contingenciamento, o orçamento para custeio ficará no mesmo patamar de dez anos atrás. Na avaliação de Souza, isso se torna problemático, pois a instituição teve um crescimento natural, com ampliação de suas instalações e diversas obras, o que demanda mais recursos para sua operação.

Com esse contingenciamento, nos coloca um orçamento de dez anos atrás. Então, veja o tamanho da dificuldade que nós teremos para administrar com esse contingenciamento.

Em visita à sede do CORREIO em Guarapuava, Osmar Ambrósio de Souza explicou a situação financeira da Unicentro em 2019 (Foto: Douglas Kuspiosz/Correio)

DOCUMENTO

Diante das dificuldades financeiras, Osmar Ambrósio de Souza conta que um documento está sendo elaborado para mostrar ao governo estadual que a Unicentro não pode mais ficar com seus recursos contingenciados. Principalmente porque essa instituição já tinha um histórico de cortes de verbas e restrições.

Nesse sentido, o novo reitor entende que o governo quer eliminar gastos e otimizar a máquina pública. Mas a Unicentro não pode sofrer cortes. Por isso, Souza pretende apresentar documentos oficiais, sem apelar para greves ou paralisações.

RECEITA

Se não bastasse o contingenciamento, a Unicentro também passa pela desvinculação de sua receita, segundo Souza. Ou seja, os recursos próprios (oriundos de pós-graduação, projetos, eventos etc.) estão com restrição. O governo determinou, baseado numa lei federal, uma desvinculação de 30% da receita, informa o novo reitor, destacando que é mais um complicador.

Trocando em miúdos, significa uma retenção de 30% em cima de outras fontes de renda da Unicentro.