Técnicos conhecem sistema de produção de queijos das agroindústrias de SC

Vizinho do Paraná é o terceiro estado mais premiado na produção de queijo artesanal no país e o produto já está sendo reconhecido pelo Iphan como Patrimônio Cultural de Santa Catarina

Técnicos das secretarias municipais de Agricultura e de Turismo de Guarapuava estiveram em Santa Catarina, na última semana, para conhecer a produção dos queijos artesanais serranos das agroindústrias familiares da região.

Lages é um município muito parecido com Guarapuava, no setor da agricultura. Se de um lado temos o agronegócio que trabalha com as mais avançadas tecnologias, de outro temos as famílias de produtores rurais que ainda não tem acesso a essas tecnologias e precisam de incentivo para agregar valor aos seus produtos, comenta o vice-prefeito e secretário de Turismo e de Obras, Itacir Vezzaro.

Santa Catarina é o terceiro estado mais premiado na produção de queijo artesanal no país e o produto já está sendo reconhecido pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) como Patrimônio Cultural de Santa Catarina. De acordo com o gerente regional da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), Olmar Neuwald, a troca de experiências entre os estados fortalece a articulação entre as instituições, unindo esforços da extensão rural e dos serviços de inspeção. Dessa forma construímos juntos projetos que promovem o desenvolvimento territorial a partir da agricultura familiar, reforça.

Com a oportunidade de lucrar com o queijo, por meio do comércio e do turismo, o produto tornou-se um aliado na geração de renda para as famílias de produtores rurais da região de Lages. Temos mais de mil produtores rurais cadastrados, mas apenas 74 fazem nossos cursos e participam das qualificações. Para muitos, a venda do queijo é a principal fonte de renda, explica Andréia Meira Schlickmann, da gerência regional da Epagri de Lages, ao comentar que muitos produtores estão regularizando a produção. Mas ainda sentimos a resistência de alguns produtores que continuam vendendo os queijos na ilegalidade e correm risco de ter toda sua produção apreendida.

De acordo com o secretário de Agricultura, Ademir Fabiane, Guarapuava já desenvolve políticas voltadas aos agricultores familiares, mas é preciso buscar referências de sucesso para incentivar e qualificar os produtores guarapuavanos. Hoje já temos mais de 20 agroindústrias em funcionamento. Destas, seis são de produtos de origem animal, que precisam de inspeção para a comercialização e todos já cumprem com as normas exigidas. Agora vamos incentivá-los a ampliar a produção e conquistar novos mercados.

LEI

Em Santa Catarina, a produção e a comercialização de queijos artesanais feitos com leite cru é amparada por lei, que foi sancionada no estado catarinense, em março desse ano, legalizando e regulamentando a produção. Antes, eram exigidos critérios a serem seguidos relacionados com a cor, umidade, tamanho, formato e taxa de gordura. Essas exigências, simples para a produção industrial, são incompatíveis com o trabalho dos produtores de queijo artesanal, explica o gerente da Epagri.

Ainda no mês de março, a extensionista Andréia Meira Schlickmann, da gerência regional de Lages da Epagri, apresentou a experiência de Santa Catarina e os avanços do trabalho desenvolvido com o queijo artesanal serrano, na Assembleia Legislativa do Paraná. A iniciativa de Santa Catarina foi um dos projetos utilizados como referência para a elaboração do Projeto de Lei paranaense que foi aprovado há pouco tempo e será sancionada pela Governadora Cida Borghetti, a princípio, no dia 20 de julho, no Mercado Municipal de Curitiba, quando acontece a final do Concurso de Queijo do Paraná, realizada pela Emater. Guarapuava está concorrendo ao grande prêmio do melhor queijo artesanal paranaense, com a nossa queijeira, Leozélia Pedroso, conta orgulhoso, Ademir Fabiane.

É preciso lembrar que a Lei é apenas uma forma de facilitar a comercialização dos queijos artesanais, mas para chegar até esse ponto é preciso trabalhar na qualificação dos produtores rurais, que precisam se organizar para que o produto seja a principal fonte de renda da família, lembra Andréia, da Epagri.

MULHERES

A cultura da produção de queijo em Santa Catarina, além de ser uma herança dos tropeiros também é uma tradição familiar, onde a receita é guardada a sete chaves pelas mulheres das famílias, que geralmente são as responsáveis pela produção. Historicamente os homens ordenhavam as vacas, mas eram as mulheres que faziam os queijos. Com o tempo, tanto as mulheres quanto as filhas foram se qualificando. Hoje, muitas dessas mulheres são as verdadeiras responsáveis pelo sustento das famílias, orgulha-se Andréia.