Roda de conversa reúne participantes do projeto ‘Marias’ e comunidade

Na véspera do Dia Internacional da Mulher, uma roda de conversa reuniu as oito participantes do projeto visual ‘Marias’ para contar a experiência com o luto até chegar a ressignificação da dor através das fotografias

Perda, luto e união. Um grupo de mães se uniu a partir de 2016 para compartilhar a dor pela perda de seus filhos. Assim, nasceu o Marias, que está em sua segunda edição em Guarapuava.

Idealizado por Mirian Baitel, em parceria com a fotógrafa Dani Leela, o projeto reúne mães que perderam seus filhos muito cedo e, através da fotografia, transformam a dor da perda em superação e alegria. A segunda fase, intitulada Marias – Eu sinto muito, está com uma mostra no Centro de Exposições da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) do campus Santa Cruz, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro).

Nessa edição, o ciclo aborda o tabu diante do luto, propondo uma reflexão sobre como, ao negar a morte, limita-se o próprio sentido de vida. O ensaio apresenta a história de oito mães com apoio de participantes da primeira edição.

No último dia 7 de março, véspera do Dia Internacional da Mulher, uma roda de conversa reuniu as oito novas participantes do Marias para contar a experiência com o luto até chegar a ressignificação da dor através das fotografias aos membros da comunidade.

Conhecida por retratar a vida com muita sensibilidade, a fotógrafa Dani Leela disse que nada se compara à experiência vivida ao lado das mulheres participantes do projeto Marias. Elas me transformam, e isso é um grande presente. É tão orgânico o movimento, que eu estou mudada. Gratidão por ter tido essa oportunidade de oferecer o que eu amo para algo bom.

ANJOS

Uma das mães participantes é Kayane Bogdan. Ela garante que foi a amor a cada um dos anjos que se foi e, também, a dor da perda que as uniu. Aqui a gente encontrou conforto. Todo mundo sente o mesmo. Aqui podemos falar, chorar, gritar e ninguém vai julgar. Uma sente a dor da outra, conta, lembrando do filho Gustavo, que faleceu seis dias depois do nascimento por conta de uma má formação congênita.

As imagens procuram mostrar, segundo Eliane Kalizak, outra participante do Marias, afirma que falar sobre assuntos dolorosos como a perda de um filho é difícil, mas necessário, sobretudo para quem disse adeus. Falem dos filhos da gente, porque eles existiram. As pessoas têm medo de ferir a gente. Mas não vai trazer dor e sim alegria de falar deles. Então, pode chegar, perguntar, que vai ser tratado naturalmente.

O bate-papo emocionou os participantes, como a chefe de Divisão de Assuntos Culturais da Unicentro, Elizabete Lustoza. É maravilhoso esse projeto, que veio até a Universidade, e a gente teve a satisfação de trazer para cá essas mães maravilhosas, que estão relatando todo o sentimento delas e passando para outras pessoas.

SERVIÇO

A exposição fotográfica Marias – Eu sinto muito segue aberta até a próxima sexta-feira (16), no Centro de Exposições da Proec, que fica no Campus Santa Cruz, e pode ser visitada, gratuitamente, das 9h às 21h.