Registros históricos de 1855 a 1857 compõem livro lançado por professora aposentada da Unicentro
O trabalho de pesquisa realizado pela professora teve início em 2009 e reúne centenas de declarações de terra, mostrando o início do processo de legitimação de posse de 672 localidades da Vila de Guarapuava
Uma reflexão sobre os aspectos econômicos, sociais, culturais, políticos e administrativos da Vila de Guarapuava entre os anos de 1855 a 1857. Essa é a proposta do livro Registro do Vigário da Vila de Nossa Senhora de Belém de Guarapuava, escrito pela professora aposentada do Departamento de História da Unicentro, Zilma Haick Dalla Vecchia.
O trabalho de pesquisa realizado pela professora, que é integrante da Adau (Associação dos Docentes Aposentados da Unicentro), teve início em 2009 e reúne centenas de declarações de terra, mostrando o início do processo de legitimação de posse de 672 localidades da Vila de Guarapuava. São as 396 declarações de terra de 1855, 1856 e 1857 de Guarapuava que, na época, era uma vila. Essas declarações mostram a estrutura fundiária do Brasil, no caso, na Vila de Guarapuava, na segunda metade do século 19, explica a autora.
O título do livro, conta a professora, foi definido a partir das práticas características do período. Se chama Registro do Vigário porque, na época, não existiam cartórios. Então, foi dada ao vigário a responsabilidade de recolher essas informações referentes às posses das pessoas que detinham lotes de terra por aqui. O padre cobrava pelo registro, o que faz com que as declarações sejam, muitas vezes, sucintas e imprecisas. Depois, ele transcrevia para um livro próprio e esse livro ia para as autoridades competentes.
DADOS
Os dados levantados, na obra, são apresentados na forma de gráficos, quadros e tabelas. Por isso, de acordo com a autora, o livro é destinado, principalmente, a pesquisadores. É muito mais um livro de pesquisa em que a gente pretende estabelecer um elo, facilitar a vida dos pesquisadores de história, aqueles que se interessam pelo problema da terra, mas também dá pra se estudar a linguagem da época e as relações familiares, completa.
Participaram do lançamento do livro integrantes da Adau, do Instituto Histórico de Guarapuava (IHG) e da Academia de Letras, Artes e Ciências (Alac). É um trabalho que ela vem realizando há décadas dentro dos arquivos da Unicentro e da Catedral Nossa Senhora de Belém. Então, é um livro importantíssimo para futuras pesquisas, destaca o presidente da Adau, professor Ronaldo Jorgensen, em relação à relevância da obra da professora Zilma.
PRODUÇÃO
O professor Ariel José Pires, presidente do IHG, ressalta que o lançamento do livro mostra que a produção de conhecimento não termina quando a carreira docente se encerra. As pessoas, no caso, os aposentados, normalmente, se encontram no auge da maturidade intelectual e da maturidade acadêmica. Então, nada melhor do que isso para mostrar que o aposentado ainda é capaz de produzir textos, livros, enfim, que é capaz ainda de fazer leituras e releituras da sociedade. No caso da professora Zilma, hoje, ela está fazendo uma leitura e releitura de fontes para a história. Ela está produzindo um livro que vai ser uma grande fonte para vários ramos da própria historiografia. Então, isso é de suma importância.
Para o vice-reitor da Unicentro, professor Osmar Ambrósio de Souza, ver a participação ativa dos docentes aposentados na produção de conhecimento é motivo de satisfação para a universidade. Isso é uma demonstração clara do que eles produziram, desempenharam, envolveram enquanto professores da ativa. Eles não deixaram como uma coisa passada, isso é uma coisa ativa na vida deles, do dia a dia e que, mesmo na aposentadoria, vem contribuindo para o desenvolvimento de toda região, destaca.