Região de Guarapuava já teve 149 casos de violência contra mulher em 2019

De acordo com dados da 5ª Regional de Saúde, os números preliminares incluem abusos físicos e sexuais, e cobrem uma área de 20 municípios; em Guarapuava, foram registradas 66 ocorrências neste ano; saúde pública garante atendimento médico, social e psicol

Em fevereiro deste ano, uma jovem surda e muda foi estuprada na avenida Sebastião de Camargo Ribas, no bairro Bonsucesso. Ela estava a caminho da rodoviária quando foi abordada pelo agressor, que a roubou e abusou sexualmente.

Na última semana, uma mulher foi arrastada para dentro de uma casa abandonada no bairro Vila Bela e violentada por um homem. Ela foi encontrada seminua, com hematomas pelo corpo e inconsciente.

Dados repassados pelo 16° Batalhão de Polícia Militar (BPM) ao CORREIO apontam que Guarapuava, no primeiro semestre deste ano, teve 11 casos de estupro ou atentado violento ao pudor; só no último trimestre, sete pessoas já foram vítimas. Ao longo de 2018, foram 15 ocorrências.

Já segundo números preliminares da 5ª Regional de Saúde, também cedidos à reportagem, ocorreram 149 atendimentos de abuso físico ou sexual na região em 2019; no município, foram 66 situações notificadas.

De acordo com o enfermeiro Thiago Kanarek, que atua na vigilância epidemiológica da regional, há um protocolo no Paraná para o acolhimento às vítimas de violência na rede pública, de modo que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e os hospitais garantem um primeiro atendimento.

Para aqueles casos em que ainda tem de ser feita a profilaxia para evitar a gravidez ou HIV, ficou como referência os hospitais de Guarapuava. É ‘porta aberta’, não importa de qual município, ressaltando que essas unidades disponibilizam avaliação médica, testes rápidos e a medicação necessária.

ENFRENTAMENTO

Aliado ao tratamento das possíveis infecções, o Sistema Único de Saúde (SUS) garante apoio social e psicológico para as vítimas, através de uma equipe multiprofissional.

Thiago explica que há uma rede de enfrentamento à violência na região, em que cada município, com os serviços disponíveis, dá o melhor atendimento possível para cada caso.

Em relação a isso, ele explica que vem ocorrendo um aumento no número de notificações, já que hoje tanto as unidades de saúde quando as autoridades policiais atuam juntas. No passado, pacientes que iam diretamente à polícia, não necessariamente passavam pelas unidades médicas; a situação inversa também ocorria.

Nós alinhamos bastante e hoje temos um fluxo bem estabelecido. Independentemente de quem atender, encaminha para o hospital ou UBS, e comunica as autoridades, pontuando que a meta é diminuir cada vez mais esses casos.

Além disso, o enfermeiro explica que um dos objetivos é fazer com que a vítima reviva menos a situação de agressão. A gente consegue fazer com que ela precise relembrar essa violência menos vezes, resume.

CRIANÇAS

A PM aponta que já foram registrados 12 casos de estupro de vulnerável em Guarapuava neste ano; ao longo de 2018, foram 18 ocorrências no município. Nesses casos, Thiago relata que o Conselho Tutelar atua concomitantemente aos demais órgãos.

Infelizmente, grande parte dessas violências são cometidas por pessoas da própria residência, pontuando que quando há suspeita da participação ou conivência dos pais, o órgão acompanha o relato da criança. É uma escuta mais qualificada, acrescentando que há um constante trabalho com as escolas para identificar as situações de violência.