O que Jon Snow, Tony Stark e o Sumiço do Hanomag têm em comum?

Calma, não contém spoilers – até por ser apenas uma analogia. Mas se Jon Snow fosse um suábio nascido no Leste, em Slavonien Winterfell, saberia que quando o inverno de 1944 estivesse chegando, teria de enfrentar, aos cinco anos, as consequências da Segun

Se Jon Snow fosse um suábio nascido no Leste, digamos em Slavonien Winterfell, saberia que quando o inverno de 1944 estivesse chegando, teria de enfrentar, aos cinco anos, as consequências da Segunda Grande Guerra do Trono de Ferro. Por falar nisso, se Tony Stark fosse um suábio de 16 anos nascido no ano de 2000 no Sul do Brasil, poderia ser chamado às pressas para vingar, ao lado de sua colega Nat Romanoff, o sumiço de uma joia muito preciosa no distante planeta de Between Rios. Uma missão com boas chances de sucesso, uma vez que Stark em alemão significa forte e Romanov pode ser referenciado historicamente à dinastia de czares russos (que a Guerra Fria não nos ouça).

Cabe, desde já, tranquilizar os leitores que apertaram um dos olhos, por medo de possíveis spoilers, que se trata apenas de uma analogia. Aliás, se essa tentativa de reconto, unindo um romance infanto-juvenil sobre a saga dos Suábios do Danúbio com duas das séries de maior sucesso da última década, não fosse apenas uma suposição, certamente Tony Stark ajudaria Jon Snow, uma vez que são da mesma casa, ainda que Snow não levasse o sobrenome da família. O autor, contudo, ficaria confuso se a relação entre Nat, Snow, Tony e Arya seria saudável.

De toda sorte, o misterioso Sumiço do Hanomag da capital do reino de Samambaia, o primeiro para os viajantes oriundos do norte, das colinas de Lobo Bravo, ou o quinto para os andarilhos do Vale do Pinhão, retrata as consequências da história de sete reinos (ou mais) que batalharam pela Galáxia de Europa, há três gerações. Nesse bélico cenário, Snow na verdade se chama Thomas, filho de Franz, que enfrentou a neve e a ausência de sua mãe em terras distantes, a fim de compreender a origem do seu povo. Thomas também demonstra um certo apreço por lobos domesticados.

Já o adolescente Tony Stark, nascido em uma longa ilha fluvial, na verdade se chama Philipp Schwabenbrauch e nas horas vagas se disfarça de CEO da história dos suábios, inventor de livros com alta capacidade criativa e bem que poderia ser agente investigativo, se quisesse. Já Natasha Romanoff, em O Sumiço do Hanomag, é Katharina Strudelhof, com grandes habilidades de espionagem e persuasão.

Hanomag, por sua vez um superherói simbólico, revirou as terras brutas das colinas de Lobo Bravo em busca das Joias do Recomeço: Esperança, Preservação, Cultivo, Obstinação e Talento. Ao encontrar tais joias, Hanomag foi decisivo na construção do mundo de Nova Pátria em Between Rios, com sua Manopla de Esperança Infinita. Exatamente o mundo que acolheu Thomas (não confundir com Thanos) e que Philipp e Kathi buscam preservar a todo o custo.

Para lograr êxito na empreitada, porém, os adolescentes dispõem apenas de um mapa, que conta toda a saga dos seus antepassados, de Lesteros a Westeros. É nele que estão retratadas simbolicamente as grandes batalhas da Segunda Grande Guerra do Trono, a tragédia da Fuga da Perseguição, a epopeia do Refúgio dos Sete Anos, a Travessia do Atlântico Sul e a grande Construção da Nova Pátria. Seriam Kathi e Philipp capazes de desvendar as partes de uma história baseada em fatos reais?

As séries Game of Thrones e Vingadores chegam ao final na atual temporada, após anos de tirar o fôlego de milhões de fãs mundo afora. Ainda que haja quem não tenha assistido nem mesmo a partes desses sucessos, é impossível se manter impassível. O Sumiço do Hanomag não tem a pretensão de chegar a esse nível de audiência, mas também integra uma série (em desenvolvimento) a contar a bela, dramática e inspiradora saga dos Suábios do Danúbio.

Com o objetivo comum a todos os povos e heróis: dar à posteridade a chance de conhecer e se inspirar na capacidade super-humana de personagens históricos. Sejam eles reais ou imaginários.

 

***********Klaus Pettinger é jornalista, escritor e o autor do romance ‘O Sumiço do Hanomag’. Neste espaço, ele conta semanalmente curiosidades e fatos históricos sobre a colônia suábia de Entre Rios. Para contato com o colunista: [email protected]; Facebook: klauspettinger