Memórias de uma cidade chamada Pinhão
Em comemoração ao 55° aniversário do município, a pinhãoense Neuza Maria Amaral de Camargo Almeida fala sobre a evolução da região ao longo de sua rica história, e relembra a atuação de seu avô José Silvério de Camargo
A primeira ida de colonizadores ao município de Pinhão remonta ao final do século XVIII, com a construção da Fortaleza de Nossa Senhora do Carmo, e ao início do século XIX, com a implantação de um marco régio para definir as quatro primeiras sesmarias da região, a mando do então Rei de Portugal, Dom João VI.
Alguns anos mais tarde, a colonização das terras ricas em pinheiro-do-paraná ocorreu a partir das famílias de Silvério Antônio de Oliveira e Jerônimo José de Caldas, que ocuparam a fortaleza e construíram suas residências.
De acordo com a professora pinhãoense Neuza Maria Amaral de Camargo Almeida (53 anos), cuja família acompanhou todo o desenvolvimento histórico do município, as terras que formaram o Imóvel Pinhão foram deixadas para os herdeiros dessas famílias.
O nome ‘Pinhão’ ficou nesse imóvel e mais tarde passou para o rio, porque eles diziam ‘vamos passar o rio do Pinhão’, que limitava Guarapuava com essas terras, relembra Neuza, pontuando que grande parte dos pinhãoenses são descendentes desses primeiros colonizadores. Logicamente, com o passar dos anos, a cidade recebeu outras etnias: italianos, alemães, poloneses e japoneses, ressaltando ainda a força da cultura gaúcha na região. Foi assim que se criou o município.
PASSADO
A comemoração do aniversário de Pinhão no dia 15 de dezembro refere-se à posse do prefeito Osiris Seiler Roriz, o primeiro do município, em 1965. A emancipação de Guarapuava, contudo, ocorreu um ano antes.
Neuza explica que a partir desse período, um dos aspectos das vertentes econômicas da região foi a mudança da criação de porcos, que ficou focada no mercado local, o aumento das lavouras produtivas e a exploração da madeira.
A extinção dos pinheiros foi uma coisa muito grande no município, e, de certa maneira, o conflito agrário foi por conta dessa extração, diz a professora, pontuando que muitas terras ainda não possuem documentação.
MEMÓRIA
O senhor José Silvério de Camargo, avô de Neuza, foi um cidadão que não apenas vivenciou (praticamente) todo o desenvolvimento do município ao longo do último século, como também registrou toda essa história em seu livro Por que nosso município chama-se Pinhão?.
Fotógrafo autodidata e professor, José era grande conhecedor das propriedades e dos aspectos geográficos do município. Ele era uma das únicas pessoas que foi atrás ver onde nascia o Rio Pinhão, lembrando que ele também foi um dos primeiros cidadãos a ter uma bicicleta e que atuou por mais de três décadas na docência. Ele deixou um legado de histórias, ressalta Neuza.