Mais de 70% dos funcionários dos Correios já voltaram às atividades

Apesar do retorno, Alex Menezes, delegado regional do Sintcom-PR, ressalta que há uma mobilização por parte dos trabalhadores para agir “caso a empresa faça qualquer outro ataque em relação aos descontos” antes que o dissídio seja julgado

Uma assembleia geral em todo o Brasil nesta terça-feira (17 setembro) irá decidir os rumos da paralisação dos funcionários do Correios, que cruzaram os braços na última quarta (11). A bronca da categoria é com a precarização das condições de trabalho.

Enquanto isso, uma decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que pelo menos 70% dos empregados da empresa voltem às suas atividades. A tendência é que a greve seja suspensa até o julgamento do dissídio coletivo no dia 2 de outubro.

Segundo Alex Menezes, delegado regional do Sindicato dos Trabalhadores em Correios do Paraná (Sintcom-PR), cerca de 75% do efetivo guarapuavano está trabalhando nesta segunda-feira (16). Na região, aproximadamente 80% dos trabalhadores voltaram aos seus postos.

Há uma mobilização por parte dos trabalhadores para que caso a empresa faça qualquer outro ataque em relação aos descontos, como efetuar os descontos antes que seja decidido pelo dissídio, eles retornam imediatamente à greve, afirmou em entrevista ao CORREIO.

No seu ponto de vista, boa parte dos trabalhadores já voltou às atividades por entender que os objetivos até o momento já foram alcançados, e para voltar a atender a população.

Nossa principal preocupação agora é atender bem a cidade, acrescentou, ressaltando que a categoria irá encaminhar à Câmara de Deputados e ao Senado Federal as moções municipais de repúdio à privatização da estatal.

A privatização dos Correios é uma pauta recorrente no governo Jair Bolsonaro, que admite vender outras estatais através do Programa de Parcerias e Investimentos (Foto: Douglas Kuspiosz/Correio)

CENÁRIO

Alex explica que a categoria foi forçada a entrar em greve devido às políticas violentas da empresa, que propõe cortes de benefícios dos servidores.

Em momento algum nós reivindicamos aumento salarial. Inclusive, nós nos comprometemos a perder parte da inflação, dado ao contexto, só que a empresa sinalizou com cortes violentos, ressaltando que o impacto financeiro pode ser da ordem de 30%.

Esses benefícios são basicamente vale-alimentação, férias e adicionais de hora-extra, que podem ser drasticamente reduzidos, na visão de Menezes. Durante dois meses, a empresa sequer compareceu às negociações, relatou o delegado, pontuando que a categoria busca dialogar.

INTEGRAÇÃO

A privatização dos Correios é uma pauta recorrente no governo Jair Bolsonaro, que admite vender outras estatais através do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI).

Na avaliação de Alex, esse movimento de desestatização da empresa é equivocado, já que os Correios se mantêm autossuficientes e desenvolvem uma importante ação de integração.

Nós atendemos todos os 5,5 mil municípios do Brasil, e desses apenas 324 são de interesse da iniciativa privada. Mais de 5,2 mil não contarão com esse serviço, ou pagarão tarifas mais caras com os futuros donos, conjecturou, acrescentando que isso terá um grande impacto em cidades com menos de 50 mil habitantes, como Turvo, Pitanga e Pinhão, na região de Guarapuava.