Igreja no Brasil celebra a canonização de Santa Dulce dos Pobres

O anúncio de sua canonização aconteceu dia 1º de julho, quando o Papa presidiu, na Sala Clementina, no Vaticano, o Consistório Ordinário Público para a Canonização da Bem-Aventurada e de outros quatro beatos

Aos 13 anos, Maria Rita de Souza Brito Lopes transformou a casa dos pais, o dentista Augusto Lopes Pontes e Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes, num lar de acolhida e atendimento a mendigos e doentes. Situada à rua da Independência, 61, no bairro Nazaré, de Salvador-BA, a casa ficou conhecida como A Portaria de São Francisco, tal o número de carentes que se aglomeravam a sua porta. O gesto é o embrião de uma vida virtuosa, desde cedo inclinada à santidade.

Trata-se de um entre tantos fatos na biografia de Irmã Dulce, conhecida como o Anjo Bom da Bahia, que no dia 13 de outubro, às 10h (horário do Vaticano) em celebração presidida pelo Papa Francisco, no Vaticano, será elevada aos altares na condição de Santa Dulce dos Pobres. O anúncio de sua canonização aconteceu dia 1º de julho, quando o Papa presidiu, na Sala Clementina, no Vaticano, o Consistório Ordinário Público para a Canonização da Bem-Aventurada e de outros quatro beatos.

Para o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a canonização da Irmã Dulce é um grande presente para toda a Igreja no Brasil, de modo especial para a Igreja na Bahia, mas também para toda sociedade. Dom Walmor destaca o caráter exemplar de sua biografia. Ela é exemplar na fé incondicional em Deus e exemplar no desdobramento autêntico de sua fé que se traduz no cuidado com os mais pobres. Por isto é elevada à glória dos altares, disse.

VOCAÇÃO

A vocação para trabalhar em benefício da população carente teve a influência direta da família, uma herança do pai que Irmã Dulce levou adiante, com o apoio decisivo da irmã, Dulcinha. Além da inclinação para doar-se ao serviço solidário, na adolescência também manifestou, pela primeira vez, após visitar com uma tia em áreas onde habitavam pessoas pobres, o desejo de se dedicar à vida religiosa.

Em 8 de fevereiro de 1933, logo após a sua formatura como professora, Maria Rita entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão, em Sergipe. Em 13 de agosto de 1933, recebe o hábito de freira das Irmãs Missionárias e adota, em homenagem a sua mãe, o nome de Irmã Dulce.

A primeira missão de Irmã Dulce como freira foi ensinar em um colégio mantido pela sua congregação, no bairro da Massaranduba, na Cidade Baixa, em Salvador. Mas, o seu pensamento estava voltado mesmo para o trabalho com os pobres. Já em 1935, dava assistência à comunidade pobre de Alagados, conjunto de palafitas que se consolidara na parte interna do bairro de Itapagipe.

LEGADO

Quando faleceu, em 13 de março de 1992, Irmã Dulce deixou um legado não apenas de fé, mas um conjunto de obras de caridade e socioassistenciais que ergueu graças a seu incansável trabalho de doação aos maios pobres.

No Brasil, por conta da diferença de fuso horário, a celebração de canonização será às 5h da manhã. A celebração será exibida por TVs de inspiração católicas (TV Horizonte, TV Imaculada, Canção Nova, Rede Vida, TV Evangelizar, Rede Século 21 e TV Pai Eterno).

A primeira missa, em solo brasileiro, em homenagem à Irmã Dulce, pós-canonização, já tem um cenário certo. Será no Arena Fonte Nova, em Salvador (BA), no dia 20 de outubro, às 16h. Cerca de 500 crianças do Centro Educacional Santo Antônio apresentarão um musical que conta a história dos 60 anos das Obras Sociais da religiosa.