HQs publicadas no Brasil têm autoria feminina como diferencial

Aproveitando o gancho do filme ‘Capitã Marvel’, que estreia no próximo dia 7 de março, o CORREIO indica duas obras com autoria feminina. Afinal, é a primeira vez que uma heroína da Marvel protagoniza uma grande produção no cinema

A chegada do filme Capitão Marvel (2019), cuja estreia no Brasil é na próxima quinta-feira (7 março), pode servir como catalisador nas discussões sobre o papel da mulher nas artes. Pela primeira vez, a Marvel Studios (segmento cinematográfico da famosa editora de quadrinhos Marvel) põe uma heroína como protagonista de um filme de gibi. Já não era sem tempo!

Até mesmo a conservadora DC Comics tinha feito isso primeiro, com o estrondoso sucesso de Mulher-Maravilha (2017), em produção lançada pela Warner.

Mas, enfim, o hype em torno do filme Capitão Marvel também é uma oportunidade para conhecer um pouco mais de outras obras cujo tema ou autoria destaca a mulher como figura central. Já que a personagem Capitã Marvel se originou nos quadrinhos norte-americanos, nada mais justo do que a sugestão de dois trabalhos feitos nessa mídia.

O primeiro deles é um trabalho audacioso. Em Mulheres na Luta (selo Seguinte da editora Companhia das Letras, com tradução de Kristin Lie Garrubo), as autoras Jenny Jordahl e Marta Breen contam a história do movimento feminista.

Há 150 anos, a vida das mulheres era muito diferente: elas não podiam tomar decisões sobre seu corpo, votar ou ganhar o próprio dinheiro. Quando nasciam, os pais estavam no comando; depois, os maridos. O cenário só começou a mudar quando elas passaram a se organizar e a lutar por liberdade e igualdade.

Nesse livro, Marta Breen e Jenny Jordahl destacam batalhas históricas das mulheres — pelo direito à educação, pela participação na política, pelo uso de contraceptivos, por igualdade no mercado de trabalho, entre várias outras —, relacionando-as a diversos movimentos sociais. O resultado é um rico panorama da luta feminista, que mostra o avanço que já foi feito – e tudo o que ainda precisamos conquistar.

O livro Mulheres na Luta está à venda por R$ 64,9 (em média) em sites de livrarias, lojas especializadas e na loja virtual da editora (CLIQUE AQUI).

AUTORAS

Jenny Jordahl nasceu em 1989. É ilustradora, designer, blogueira e cartunista. Em 2017, estreou na literatura infantil com a obra Hannemone e Hulda.

E Marta Breen nasceu em 1976. É escritora, jornalista e uma das principais referências do feminismo na Noruega. É autora de uma série de livros de não ficção e biografias, vários deles com temática feminista.

MONSTRO

Munida de esferográficas e canetinhas, a quadrinista norte-americana Emil Ferris produziu uma obra impactante: Minha coisa favorita é monstro – Livro 1 (selo Quadrinhos na Companhia, com tradução de Érico Assis).

Lançado em fevereiro de 2017 nos Estados Unidos, o catatau de 416 páginas deve chegar ao mercado brasileiro neste mês de março. O primeiro de dois volumes venceu três Eisner (melhor álbum, melhor escritora ou artista e melhor colorista), a premiação máxima da indústria de HQs americana, e também o Fauve d'Or, prêmio do tradicional Festival de Angoulême, na França. Sem contar o elogiou de gente do calibre de Art Spiegelman e Chris Ware.

Com o tumultuado cenário político da Chicago dos anos 1960 como pano de fundo, Minha coisa favorita é monstro é narrado por Karen Reyes, uma garota de dez anos completamente alucinada por histórias de terror. No seu diário, todo feito em esferográfica, ela se desenha como uma jovem lobismoça e leva o leitor a uma incrível jornada pela iconografia dos filmes B de horror e das revistinhas de monstro.

Munida de esferográficas e canetinhas, a quadrinista norte-americana Emil Ferris produziu uma obra impactante: Minha coisa favorita é monstro (Foto: Reprodução)

Quando Karen tenta desvendar o assassinato de sua bela e enigmática vizinha do andar de cima — Anka Silverberg, uma sobrevivente do Holocausto — assistimos ao desenrolar de histórias fascinantes de um elenco bizarro e sombrio de personagens: seu irmão Dezê, convocado a servir nas forças armadas e assombrado por um segredo do passado; o marido de Anka, Sam Silverberg, também conhecido como o jazzman Hotstep; o mafioso Sr. Gronan; a drag queen Franklin; e Sr. Chugg, o ventríloquo.

Num estilo caleidoscópico e de virtuosismo estonteante, Minha coisa favorita é monstro é uma obra magistral e de originalidade ímpar.

Quando chegar às lojas, o livro custará R$ 134,9 (em média).

AUTORA

Nascida em Chicago, Emil Ferris tem hoje 55 anos e Minha coisa favorita é monstro é sua primeira HQ. Antes disso, ela trabalhou como ilustradora freelancer e designer de brinquedos.