Governo do Estado apresenta projeto de nova ferrovia e lança PMI

O trecho 1 da nova ferrovia ligará Guarapuava ao Porto de Paranaguá e terá 400 quilômetros de extensão

O governo do Paraná realiza na próxima terça-feira (28), em São Paulo, um evento para a apresentação da proposta de construção de um novo ramal ferroviário para facilitar o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste brasileiro pelo Porto de Paranaguá.

O novo trecho ferroviário, de cerca de 1.000 quilômetros, vai ligar a região de Dourados, no Mato Grosso do Sul, ao Litoral paranaense. O valor estimado para a construção da ferrovia é de R$ 10 bilhões.

A nova estrada de ferro é uma iniciativa para expansão e modernização da infraestrutura ferroviária do Paraná e estratégica para o desenvolvimento do Estado, afirma o governador Beto Richa. Realizamos grandes investimentos no Porto de Paranaguá, que está preparado para expandir ainda mais as suas atividades.

Para a execução do projeto do novo ramal, o governo do Estado vai lançar um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI). Trata-se de um edital público de chamamento destinado a empresas interessadas na elaboração de estudos técnico-operacionais, econômico-financeiros e ambientais para a construção e exploração de serviços ferroviários.

COMPETITIVIDADE

O secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, José Richa Filho, reforça que o Estado investiu muito na melhoria das condições logísticas para garantir a competitividade da indústria, comércio e do agronegócio paranaenses e que a melhoria da malha ferroviária é essencial neste processo.

A produção agrícola e o Porto de Paranaguá se modernizaram, estabelecendo novos recordes de produção e exportação. No entanto, não tivemos avanços no que diz respeito ao modal ferroviário, afirmou.

O novo trecho ferroviário terá 1.000 quilômetros (Reprodução)

DOIS TRECHOS

A necessidade e a urgência da construção de um corredor ferroviário Leste-Oeste – unindo Dourados ao litoral do Paraná – tem mais de quatro décadas, afirma o diretor-presidente da Ferroeste, João Vicente Bresolin Araujo. O trem é a melhor alternativa para reduzir custos e tornar o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional, completa.

O trecho 1 da nova ferrovia ligará Guarapuava ao Porto de Paranaguá e terá 400 quilômetros de extensão. O trecho 2, que já é uma concessão da Ferroeste, será a extensão da linha de Guarapuava até Dourados (MS), passando por Guaíra, com a construção de mais 350 quilômetros de trilhos.

O projeto prevê ainda a revitalização do traçado de 250 quilômetros já existente e operado pela Ferroeste entre Guarapuava e Cascavel. Este trecho também será subconcessionado. O traçado da nova ferrovia não poderá utilizar a malha operada pela Rumo, nem mesmo a sua Faixa de Domínio, proporcionando um impacto direto na melhoria dos serviços logísticos.

O valor estimado para a ferrovia é de R$ 10 bi (Arquivo/ANPr)

CAPACIDADE

Dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) apontam a capacidade ociosa e ocupada por trecho em cada ferrovia do país. No caso do Paraná, os dois maiores gargalos logísticos ferroviários estão entre Curitiba e Paranaguá e Guarapuava e Ponta Grossa.

O Porto de Paranaguá, o segundo maior do Brasil, movimentou em 2017 quase 50 milhões de toneladas, entre importação e exportação. Deste total, 80% das cargas foram transportadas pelo modal rodoviário. O trem responde por 20% do volume – cerca de 9 milhões de toneladas.

Até 2030, o total de cargas que passará pelo porto vai atingir 80 milhões de toneladas, segundo projeção do Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) do terminal paranaense, elaborado em 2012. Sem novos investimentos, o volume de transporte ferroviário deve continuar no mesmo patamar de hoje, reduzindo para 11% a participação do modal na produção total do Porto.

Na outra ponta, a agricultura do Oeste paranaense, que já produz 14 milhões de toneladas de grãos ao ano, deve alcançar 21 milhões de toneladas/ano em 2035. Hoje, apenas 440 mil toneladas chegam ao porto por ferrovia.