Fanfarra se apresenta nos semáforos para arrecadar recursos

Na expectativa de participar de um concurso interestadual em União da Vitória (PR), integrantes da Fanfarra Manoel Ribas se apresentam nos semáforos de Guarapuava com o objetivo de arrecadar dinheiro e custear a viagem

Assim que o sinal vermelho se acende, o pequeno grupo de jovens inicia a apresentação musical em uma das esquinas da avenida Manoel Ribas. Em questão de segundos, eles fazem um show compacto e alegre. Enquanto isso, uma parte do grupo passa pelos carros, arrecadando dinheiro para um sonho. Eles querem viajar para União da Vitória (PR) e mostrar o talento guarapuavano.

Toda quarta e sábado, os integrantes da Fanfarra Manoel Ribas se apresentam nos semáforos de Guarapuava. No contraturno escolar, os jovens usam seu tempo livre para sensibilizar os motoristas e arrecadar dinheiro que será utilizado para custear a participação na 28ª edição do Cinfaban (Concurso Interestadual de Fanfarras e Bandas), no próximo dia 18 de agosto.

Segundo o maestro Raphael Mayer, a ideia das apresentações nos semáforos surgiu para viabilizar o valor de R$ 5 mil, que serão necessários para duas viagens: União da Vitória, nesse concurso interestadual; e Ivaiporã, em setembro, numa competição estadual. O pessoal está animado e está tendo retorno. Mas não é fácil, avalia, em entrevista ao CORREIO.

Ele conta que a Colégio Estadual Manoel Ribas fornece os instrumentos musicais, o material de manutenção e o espaço para os ensaios. A gente só tem a agradecer a escola, frisa o maestro. Mas o dinheiro para viagens precisa sair do bolso dos integrantes da fanfarra, pois não contam com apoios externos.

Por isso, jovens como as irmãs gêmeas Maria Fernanda e Maria Eduarda Cavalin se engajaram na arrecadação de recursos por meio das apresentações nos semáforos de Guarapuava. E a gente precisa pagar ônibus e pagar a inscrição. Os alunos não têm condições, disseram, informando que elas fazem parte da fanfarra desde o final de 2017. Mas tem outros integrantes há dois, quatro anos. Todos participam do projeto musical de maneira voluntária.

O maestro conta que, caso o grupo consiga captar os recursos necessários, metade dos R$ 5 mil será utilizado para a viagem até União da Vitória e outra metade a Ivaiporã, em 22 e 23 de setembro deste ano. São duas oportunidades para a Fanfarra Manoel Ribas mostrar seu valor e tirar lições da experiência. Eu estou lá analisando e vendo o que eu posso usar para o nosso benefício aqui, conta Mayer.

Inclusive, a fanfarra guarapuavana tem uma particularidade: segue o chamado estilo americano, que consiste em danças, evoluções e outros elementos que fogem do padrão tradicional de uma apresentação. Nenhuma banda fazia isso na primeira vez que fomos ao Paranaense, diz o maestro.

HISTÓRIA

Ex-aluno do Manoel Ribas, Raphael Mayer começou como percussionista da fanfarra, atuando até 2013. Em 2015, a banda estava em crise e não participou no tradicional Desfile de Sete de Setembro. Preocupado com a situação, Mayer apresentou um projeto à direção da escola naquela época e passou a ser o maestro em 2016.

No ano passado, a fanfarra participou de seu primeiro concurso estadual, conseguindo logo de cara o 2º lugar na sua categoria. Como não tinha um uniforme padronizado, perdeu pontinhos preciosos perante o júri.

Mas em São Mateus do Sul, ao final de 2017, veio o 1º lugar na categoria Banda de Percussão Juvenil.

Nesse tempo todo, a Fanfarra Manoel Ribas tem se aperfeiçoado nos concursos e workshops, fazendo com que seus integrantes adquiram responsabilidades e vontade de melhorar cada vez mais.

No entanto, a fanfarra enfrenta obstáculos econômicos, pois utiliza instrumentos antigos, com até 40 anos de uso, que prejudicam na afinação durante as apresentações. Sem contar a necessidade de arrecadar dinheiro para participar das competições. Mas os membros da fanfarra superam os problemas. A gente não ganha nada. É apenas pra mostrar o que a gente aprende, dizem as irmãs Cavalin.

Aliás, o maestro conta que um dos sonhos da banda é renovar os instrumentos, que costumam apresentar um valor elevado.

COMPOSIÇÃO

Os integrantes da Fanfarra Manoel Ribas têm entre 11 anos de idade e 19, contando inclusive com um ex-aluno de 22 anos. Um dos membros tem quase uma década de projeto. O Mateus começou bem pequenino, recorda o maestro Raphael Mayer.

Normalmente, a fanfarra ensaia três vezes por semana, no contraturno escolar dos alunos participantes. Mas, a 15 dias do Cinfaban, os trabalhos serão diários.

SERVIÇO

Além dos semáforos, a fanfarra também é aberta a doações dos guarapuavanos em outros horários e locais. Quem tiver interesse, pode procurar o maestro Raphael Mayer no Colégio Manoel Ribas.