Exclusão da mulher na política é problema estrutural, diz presidente do Iprade

Em entrevista ao CORREIO, Ana Carolina de Camargo Clève, presidente instituto, diz que a curto-prazo são necessárias ações afirmativas visando a participação feminina no campo político; palestra tratou do assunto em Guarapuava

Durante a noite desta quinta-feira (13), o Teatro Municipal de Guarapuava foi palco de uma discussão norteada pela participação feminina no campo político. 

Iniciativa do Instituto Paranaense de Direito Eleitoral (Iprade) e da Procuradoria da Mulher da Assembleia Legislativa do Paraná, o ciclo inédito de discussões também será levado para outros municípios do Paraná.

Em entrevista ao CORREIO, Ana Carolina de Camargo Clève, palestrante do encontro e presidente do Iprade, ressalta que a curto-prazo são necessárias ações afirmativas visando a ida de mais mulheres para o campo político. Nós temos um problema histórico, cultural e estrutural de achar que elas não pertencem a esse espaço público, citando que o discurso é por igualdade. 

A deputada estadual e procuradora da mulher, Cristina Silvestri (Cidadania), lembra que as mulheres têm fundamental participação na comunidade, mas que acabam sendo excluídas do processo eleitoral. 

Se nós queremos um país democrático, precisamos de uma paridade, citando que ocupando esses espaços públicos, elas poderão discutir e tomar decisões junto dos homens. O Brasil infelizmente é um dos países de menor representatividade no mundo. 

CENÁRIO

Nas últimas eleições municipais, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, apenas 31,89% dos brasileiros que se candidataram eram mulheres. A primeira vez que as candidaturas femininas alcançaram 30% do total de um pleito foi nas eleições de 2012. 

Douglas Kuspiosz/Correio

Nesse contexto, uma das inovações para o pleito deste ano é a cota financeira, que se soma à cota mínima de 30% de candidaturas femininas por legenda – igual percentual voltado ao Fundo Eleitoral. 

O STF e o TSE fizeram uma analogia para dizer: ‘se as mulheres têm cota para candidatura, elas também precisam de meios para conseguir lançar estas com segurança’, diz Ana Carolina, citando a necessidade de uma garantia financeira. 

Inclusive, a presidente do Iprade reconhece que em 2018 já houve um êxito maior com a perspectiva desses recursos, já que foram registradas candidaturas femininas à presidência e vice-presidência, além de a representatividade no Congresso Nacional ter aumentado.

FUTURO

Para além das preocupações a curto-prazo, Ana Carolina acredita que a educação é fundamental para mudar o cenário no futuro. Educar a mulher para a política, mas os homens também, para entender que esse espaço também é nosso. 

No seu ponto vista, isso inclui ocupar espaços de poder e exercer liderança no âmbito partidário, no trabalho e em órgãos de classe.