‘Eu não sou um assassino’, diz Luis Felipe Manvailer

Acusado de matar a advogada guarapuavana Tatiane Spitzner, Manvailer negou as acusações, alegou que testemunhas foram ‘influenciadas’ pela família da vítima e permaneceu em silêncio durante a maioria das perguntas na audiência

O professor Luis Felipe Manvailer, que é réu no processo que investiga a morte da advogada guarapuavana Tatiane Spitzner, prestou depoimento à Justiça na tarde desta quinta-feira (21).

Interrogado pela juíza Paola Mancini, Manvailer seguiu a recomendação de seus advogados e não respondeu a maior parte das questões. Porém, afirmou que não é um assassino e negou que tenha matado Tatiane. Sempre amei minha esposa, disse o réu.

Além disso, o acusado citou duas testemunhas – uma pessoa que mora em frente do prédio em que o casal vivia, e outra que reside atualmente no Espírito Santo – que estão longe da influência do senhor Jorge Spitzner, nas suas palavras.

Segundo Manvailer, a primeira testemunha relatou ter visto Tatiane se debruçar sobre a sacada, e a segunda disse ter ouvido gritos da mulher enquanto caía, o que poderia indicar que ela estava viva antes da queda.

De acordo com um laudo do Instituto Médico-Legal (IML), Tatiane faleceu por asfixia mecânica causada por uma esganadura. A defesa questiona o exame.

O advogado Gustavo Scandelari, que representa a família Spitzner, disse que a expectativa era que Manvailer colaborasse respondendo as questões (Foto: Douglas Kuspiosz/Correio)

PERÍCIA

A defesa de Manvailer terá dois dias para se manifestar sobre uma possível colaboração para desbloquear um aparelho celular que pertencia ao réu. De acordo com o Ministério Público do Paraná (MP-PR), o instituto responsável pela perícia não conseguirá realizar os laudos necessários em tempo hábil.

Além disso, os notebooks apreendidos no apartamento do casal também devem ser periciados, mas não há prazo para que isso ocorra.

ACUSAÇÃO

O advogado Gustavo Scandelari, que representa a família Spitzner, disse que a expectativa era que Manvailer colaborasse respondendo as questões, mas que ele optou por dizer aquilo que lhe interessava e manter o silêncio nas demais perguntas.

Em relação à perícia no celular do réu, Scandelari afirma que ninguém sabe exatamente o que está no aparelho, já que o acusado nunca prestou um depoimento longo sobre isso. Estamos buscando por vias transversais pistas sobre o que aconteceu, disse.

O advogado respondeu às alegações e negou que a família Spitzner teria exercido influência sobre as testemunhas, afirmando ainda que os exames científicos dão conta de que Tatiane já estava morta antes mesmo da queda.

Existe uma prova técnica, que é uma prova científica, feita por exames laboratoriais, que comprova que a fratura que ela sofreu na perna [durante a queda] não teve sangramento, portanto não houve reação vital. Ela já estava morta, ressaltou.

O promotor Pedro Henrique Brazão Papaiz disse que o MP-PR não tinha grandes expectativas de que Manvailer colaborasse, já que desde o primeiro momento a conduta do réu foi em sentido de garantir a sua impunidade. Ele limpou sangue no corredor, no elevador, trocou de camisa, moveu o corpo de lugar e fugiu em direção ao Paraguai, afirmou.

Quanto à acusação da defesa, de que teria ocorrida quebra de cadeia de custódia quando o corpo de Tatiane foi levado do IML para uma funerária, e depois retornado para o instituto, Papaiz garantiu a veracidade do laudo.

O perito respondeu a essas questões dizendo que não houve quebra, que não é possível que os procedimentos realizados na funerária tenham causado as lesões em Tatiane, explicou, sendo enfático ao dizer que isso não compromete o laudo.

O advogado Adriano Bretas, que defende o réu, afirmou que a estratégia mantida é a verdade dos autos (Foto: Douglas Kuspiosz/Correio)

DEFESA

Em contrapartida, o advogado Adriano Bretas, que defende o réu, afirmou que a estratégia mantida é a verdade dos autos, e citou o depoimento da testemunha no Espírito Santo como um ponto de virada no processo.

Essa testemunha deu conta de que ouviu gritos de Tatiane enquanto ela caía. Esse é o grande ponto de destaque que precisa ser enfatizado. Existiram gritos enquanto Tatiane Spitzner caía, frisou.

Bretas corroborou a alegação de que testemunhas foram influenciadas pela família da vítima, afirmando que é muito sintomático que a única versão que relata os gritos de Tatiane tenha sido apresentada por alguém que não mora no município.

A família precisa responder. Essas testemunhas deram uma versão no inquérito policial dizendo que imediatamente antes do barulho do impacto da queda, ouviram gritos. Elas chegam em juízo, meses depois, e dizem que houve um intervalo de três, quatro minutos. A única testemunha que diz o contrário é a única não ouvida em Guarapuava, alegou.

O advogado também voltou a afirmar que houve quebra de custódia durante o laudo do instituto. Um corpo que sai do IML, vai para a funerária e fica uma hora, uma hora e meia, volta para o IML, o exame prossegue e nada é registrado ou documentado?, questionou.

Por fim, Bretas disse que o silêncio do réu durante a audiência é um direito constitucional, e que não deve ser utilizado em seu prejuízo.