Edição do jornal ‘Cândido’ rememora o legado de Nelson Rodrigues
Uma parte do legado de Nelson Rodrigues é o tema da edição de março do jornal ‘Cândido’, editado mensalmente pela Biblioteca Pública do Paraná. Morto há 38 anos, o autor deixou uma obra desafiadora, instigante e atualíssima
Denominado de anjo pornográfico na clássica biografia de Ruy Castro – uma leitura obrigatória -, o dramaturgo, escritor e jornalista Nelson Rodrigues (1912-1980) é um dos principais nomes da cultura brasileira do século 20. Amado e odiado, Rodrigues era uma figura controversa: suas peças foram perseguidas pela sociedade e a sua visão ideológica era classificada como reacionária.
No entanto, obras teatrais como Bonitinha, mas ordinária e Vestido de noiva entraram para a história da literatura brasileira. Inclusive, com direito a adaptações de gosto duvidoso nos cinemas. Aliás, os filmes filtraram o texto rodrigueano, limitando-se apenas ao aspecto erótico subjacente.
Na verdade, o próprio Ruy Castro aponta que Rodrigues chocou a sociedade com seus dramas e tragédias, mas sem nunca apelar para o palavrão ou a nudez explícita.
Oriundo de uma família de jornalistas, o anjo pornográfico também se destacou pelas inspiradas crônicas esportivas e pela atividade na escrita. Um de seus irmãos, Mário Filho, dá nome ao Estádio do Maracanã.
Uma parte desse legado é o tema da edição de março do jornal Cândido, editado mensalmente pela Biblioteca Pública do Paraná. Morto há 38 anos, o autor deixou uma obra desafiadora, instigante e atualíssima.
Alvaro Costa e Silva, o Marechal, assina dois textos a respeito da produção rodrigueana, fazendo uma síntese do trabalho de Nelson a partir do ponto de vista de autores e intelectuais brasileiros e uma relação de montagens, edições e traduções da obra do autor. O especial ainda traz duas páginas com algumas das mais polêmicas frases do escritor pernambucano, entre as quais: Sou reacionário. Minha reação é contra tudo que não presta.
SÉRIE
Na quinta entrevista da série Os Editores, João Varella conversou com Eduardo Lacerda, que contou sua saga à frente da Patuá. A editora independente, que em 7 anos já publicou mais de 550 títulos e conquistou alguns dos principais prêmios literários do país, tem como ponto de venda um bar, o Patuscada.
Outro destaque da edição é uma reportagem sobre a publicação de Forte Apache, livro que reúne uma obra inédita e dois títulos já publicados anteriormente por Marcelo Montenegro, paulista de 46 anos.
OUTROS
O Cândido deste mês também publica um fragmento do Roteiro Literário — Helena Kolody, de Luísa Cristina dos Santos Fontes. Projeto da Biblioteca Pública do Paraná, o livro faz parte de uma coleção em que cada título traz um ensaio e uma relação de locais frequentados por um autor paranaense já falecido.
Na seção Memória Literária, o escritor e professor da UFMG Lusi Alberto Brandão escreve sobre João Gilberto Noll, morto há um ano. E a seção Cliques em Curitiba publica as curvas da capital paranaense captadas por Mariana Canet.
Entre os inéditos, poemas de Bruna Kalil Othero e Marco de Menezes e um fragmento do romance Setenta, de Henrique Schneider, vencedor do Prêmio Paraná de Literatura 2017. Schneider também concedeu entrevista ao Cândido e fala sobre o seu livro, que problematiza a ditadura militar brasileira.
SERVIÇO
O Cândido tem tiragem mensal de 10 mil exemplares e é distribuído gratuitamente na Biblioteca Pública do Paraná e em diversos pontos de cultura de Curitiba.
O jornal também circula em todas as bibliotecas públicas e escolas de ensino médio do Estado. É enviado, pelo correio, para assinantes a diversas partes do Brasil.
Para mais informações, acesse o site do periódico.