‘É perseguição política’, diz Terezinha Daiprai sobre acusação de campanha ilegal

A petista está sendo acusada de distribuir panfletos irregulares em um colégio de Guarapuava; na ‘Casa do Povo’, comissão foi montada para investigar o caso

A vereadora Terezinha Daiprai (PT) está sendo acusada de quebra de decoro parlamentar após supostamente ter se envolvido em um caso de campanha ilegal durante o 2° turno das eleições presidenciais. Foi protocolada na última semana uma representação contra ela, solicitando a cassação do seu mandato.

Ela, que também é presidente do núcleo regional da APP-Sindicato, garante que o material que foi distribuído pela entidade está em conformidade com a lei, e que foi uma ação realizada em todo o Paraná.

Nós sempre exercemos o direito garantido pela constituição de ir aos locais de trabalho para conversar com a categoria, explica. Dessa forma, a entidade costuma distribuir jornais, panfletos e cartas aos pais dos alunos.

No dia 25 de outubro, membros de um grupo pró-Bolsonaro flagraram duas funcionárias do Colégio Estadual Cesar Stange distribuindo um material impresso com um quadro comparando as propostas dos candidatos Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL).

Segundo o relato da vereadora, os membros do grupo tentaram recolher o material, alegando que se tratava de campanha ilegal, e acionaram a Polícia Militar. Nesse momento, Terezinha foi chamada para prestar assistência às funcionárias. Eu mesma não entreguei nenhum panfleto. Fui apenas socorrer as funcionárias, porque os policiais queriam que elas fossem conduzidas à Polícia Federal, conta.

No dia seguinte, a Justiça Eleitoral determinou a busca e apreensão dos panfletos na sede do sindicato em Guarapuava. Foi uma ação para aquele momento. A juíza determinou que, se houvesse reincidência, a APP-Sindicato seria multada em R$ 5 mil, e não a vereadora, pontua.

REPRESENTAÇÃO

No dia 5 de novembro, os vereadores Rodrigo Crema (PSB), Germano Toledo Alves (PR) e Élcio Melhem (PP) protocolaram um pedido de representação contra a petista, alegando que o caso configura quebra de decoro parlamentar, e por isso ela deve ter seu mandato cassado.

Terezinha classificou o pedido como perseguição política, e criticou o vereador Jabur do Motocross (PRB), relator da comissão que irá investigá-la, afirmando que ele distribuiu um documento interno dizendo que uma vereadora do PT estaria nas escolas fazendo campanha irregular contra o Bolsonaro.

Para mim é muito evidente essa perseguição política por eu ser petista, por eu ser sindicalista e por ter sido uma das lideranças na campanha do Haddad, diz.

Quanto à representação protocolada pelo trio, ela afirma que a denúncia tem falhas tanto do ponto de vista regimentar, quando sob a ótica da lei. Eles aplicam a denúncia, dizem o que aconteceu e oferecem a pena. É um abuso, acredita.

Vereadores participam de sessão na noite desta segunda-feira (12 de novembro)

COMISSÃO

A comissão será presidida por Márcio Carneiro (PPS). Jabur do Motocross (PRB) será relator, e Danilo Dominico (PSD), membro. O trio deve receber a denúncia nos próximos dias.

A mesa aceitou a denúncia, e deve encaminhar para nós, diz o presidente. Nós vamos fazer os levantamentos, porque o caso dela está na Justiça Federal, e eles ainda não se manifestaram.

Márcio Carneiro ainda ressalta que a representação é por quebra de decoro, e a punição para isso é a cassação do mandato. Não adianta a gente querer colocar os carros na frente dos bois, disse, referindo-se à necessidade de avaliar com cuidado todos os documentos do caso.

DEFESA

A petista afirmou ao CORREIO que contratou um advogado para acompanhar o caso, e disse que está com a consciência tranquila, já que não acredita em nenhum tipo de punição dentro da Casa de Leis.

Eu não estava dentro dos colégios como eles dizem, isso [a confusão] ocorreu em um colégio. O material foi distribuído no Paraná inteiro. Eles afirmam que eu estaria fazendo campanha contra o Bolsonaro, mas eu não entreguei nenhum material, diz.