‘É muito bom ajudar uma criança’, diz família

Vinculada a programa da Secretaria Municipal de Assistência Social, família guarapuavana conta a experiência de acolher uma criança de três anos de idade. Inscrições para cadastro no Família Acolhedora terminam neste domingo (11)

Quatro pessoas caminham e chegam até o Centro Especializado de Assistência Social (Creas) de Guarapuava. O pai, a mãe, a filha e uma criança de três anos, que convive com eles há mais ou menos dois meses. A menina, que estava sob acolhimento institucional da Fundação Proteger, hoje reside e faz parte da família de Rozinei, Jenival e Ana Júlia.

O pai e a mãe têm a voz calma. Ouvem, olham um para o outro, e então respondem, quase em conjunto. Ele trabalha com eventos. Ela é dona de casa. A decisão de se inscrever e fazer parte do programa partiu dos dois. Jenival, que hoje tem 54 anos, trabalhou em uma Casa Lar e viu de perto como é a vida das crianças e dos jovens que tiveram seus direitos violados por sua família de origem.

É uma sensação muito boa a de estar ajudando uma criança que nem sabe o que está acontecendo e o motivo dela estar ali, disse Ana Júlia com convicção. Ela sempre se refere à decisão dos seus pais com um tom orgulhoso, e sorri ao se lembrar das mudanças que também precisou aderir. Antes era tudo para mim, não tinha com quem eu brincar. Foi diferente, e eu comecei a dividir as minhas coisas, acrescentou.

A criança que hoje convive com eles se soma a mais sete meninos e meninas que foram beneficiados pelo programa após sua implantação em 2017. Segundo a coordenadora do Família Acolhedora, Regiane Cristina Lopes de Moraes, futuramente esse tipo de acolhimento, mais humano e que contribui para a formação das crianças, vai substituir a maioria dos casos de acolhimento institucional.

EXPERIÊNCIA

Rozinei e Ana Júlia trocam olhares. A mãe diz que, desde que o novo membro da família chegou, algumas coisas inevitavelmente precisaram mudar. A gente não estava acostumado com criança pequena, mas a experiência é muito boa, diz. A filha concorda com a declaração da mãe e acrescenta: de criança nós só tínhamos minha sobrinha, então foi bem diferente.

O pai conta que aos poucos eles vão ensinando e educando a menina. Cada vez mais a convivência melhora, as conversas evoluem. A gente tirou ela da fralda, conta, e para Jenival quanto mais ela se acostuma com a nova família, melhor é.

Sempre tive muita preocupação com os outros. A gente tem um pouco e está ajudando outra pessoa, ensinando o que a gente sabe, conta.

ENCONTRO

Apesar de terem passado por uma capacitação no ano passado, a primeira vez que as cinco famílias que participam do Família Acolhedora se encontraram com as crianças foi na noite desta quinta-feira (8), no Creas. Duas dessas acolheram um grupo de irmãos que estava residindo na Fundação Proteger.

De acordo com Regiane, é possível que o número de crianças que irão ganhar um novo lar em Guarapuava dobre em 2018, já que as inscrições para a continuidade do programa já estão abertas. Até este domingo (11), quem estiver interessado em participar pode entrar em contato com a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (rua Senador Pinheiro Machado, 1075) pelo telefone (42) 3623-7995.