Dia Nacional do Braile reforça inclusão social da pessoa cega
O sistema de leitura e escrita pelo tato é fundamental na alfabetização. A importância desse instrumento de inclusão é lembrada em 8 de abril, Dia Nacional do Braile
Os novos aplicativos que transformam em áudios textos escritos em mídia eletrônica não substituem o braile. O sistema de leitura e escrita pelo tato é fundamental na alfabetização e no processo educacional das pessoas cegas ou com alto comprometimento da visão. A importância desse instrumento de inclusão é lembrada em 8 de abril, Dia Nacional do Braile.
Apesar da facilidade de ouvir os textos, pessoas com deficiência visual afirmam que o sistema inventado pelo francês Louis Braille, em 1827, é imprescindível. A escrita e a leitura são feitas pelo tato e baseiam-se na combinação de seis pontos em relevo, dispostos em duas colunas de três pontos, o que permite a formação de 63 caracteres.
UNIVERSO
No Paraná, de acordo com o censo do IBGE 2010, o número de pessoas que declarou ter deficiência visual chegou a 1,7 milhão. Porém, nas formas severas, que incluem as pessoas cegas e com grande dificuldade de enxergar, o número é de 321,6 mil.
ALFABETIZAÇÃO
O ex-atleta paraolímpico Mário Sérgio Fontes é cego desde os 3 anos. Por volta dos 6 anos, como qualquer criança, começou a frequentar a escola. Não aprender braile priva o cego da leitura. Quanto mais cedo se aprende, melhor é para o desenvolvimento do tato, relatou o ex-atleta.
Ler em braile possibilitou a Mário Sérgio concluir o curso de Direito, área em que chegou a trabalhar em escritórios de Curitiba. Porém, Mário não estava satisfeito. Fez vestibular novamente e se formou em Educação Física, pela Universidade Federal do Paraná, em 1990. Porém, sua ligação com o esporte vem desde os anos 80.
Sou o primeiro professor de educação física cego. Trabalho no que gosto e estou perfeitamente adaptado e feliz, contou, satisfeito. Hoje, com 60 anos, é técnico da Secretaria Estadual de Esporte e Turismo, responsável pelo paradesporto no Paraná, e membro do Comitê Paraolímpico Brasileiro.
Em 1984, Mário Sérgio participou da criação da Associação Brasileira de Desportos para Cegos (ABDC), o que garantiu a participação de deficientes visuais na Paraolimpíada de Nova York. Também foi representante brasileiro no subcomitê de Futebol de 5 da Federação Internacional de Esportes para Cegos, na Paraolimpíada do Rio.
DATA
O dia 8 de abril foi escolhido como o Dia Nacional do Braile em homenagem ao nascimento de José Álvares de Azevedo, o primeiro professor cego brasileiro. Azevedo tinha deficiência visual desde o nascimento e estudou o método em Paris.