De passagem: o show do Clã Destino em Gorpa City

Dedicada somente ao repertório do Ira!, a banda curitibana Clã Destino passou por Guarapuava na virada de sábado (13) para domingo (14), durante a 3ª edição do Festival de Cervejas de Inverno (Fecin). Formado por Fábio, Marcus e André, o trio viajou pelo

Passava há muito tempo de uma da manhã de domingo (14 julho) quando Fábio Elias (voz e guitarra), Marcus Gusso (baixo) e André Tatos (bateria) subiram ao palco do Vittace, em Guarapuava.

Era a última atração da 3ª edição do Festival de Cervejas de Inverno (Fecin), um evento que havia iniciado seus trabalhos na tarde de sábado (13 julho), Dia Mundial do Rock – data que é comemorada somente no Brasil, diga-se de passagem.

Após o fervor etílico de muitas horas consumindo cervejas de ótima qualidade, boa parte do público estava tomada pelo cansaço. Inclusive, havia alguns companheiros de copo que estavam em outra dimensão.

Por isso, somente poucos e verdadeiros roqueiros sobreviveram para curtir o som do Clã Destino, que é a banda formada por Fábio, Marcus e André. Um detalhe: o show em Guarapuava era o primeiro de sua recente história.

Antes de chegar ao terceiro planalto paranaense, o vocalista já havia revelado ao CORREIO que o novo projeto havia sido criado há pouco tempo. Basicamente, a banda reúne três caras que se conhecem há pelo menos 30 anos e que têm em comum o apreço pelo trabalho do Ira!, um dos expoentes do RockBR produzido nos anos de 1980.

Da primeira à última música, o set list apresentado pelo Clã Destino à plateia guarapuavana passeou por várias décadas do repertório do Ira!. Por exemplo, do disco Mudança de Comportamento (1985), o trio pinçou Longe de Tudo, Núcleo Base, Mudança de Comportamento, Tolices, entre outras.

Já no quesito hits, o Clã Destino trouxe à famosa terra do lobo bravo canções como Envelheço na Cidade, Flores em Você e Gritos na Multidão.

Mas a apresentação abriu espaço também para algumas canções retiradas de projetos não tão populares do Ira!, como é o caso de Psicoacústica (1988), um disco muito elogiado pela crítica, mas que ao final dos anos de 1980 causou certa estranheza nos ouvintes.

Mas, para muitos especialistas, é um dos grandes LPs da década oitentista, sendo responsável por obras-primas do nível de Rubro Zorro, Pegue essa Arma e Farto do Rock’n Roll.

Em Guarapuava, o power trio executou o reggae Receita para se fazer um Herói.

O baixista Marcus Gusso é grande conhecedor do Ira! (Foto: Cristiano Martinez/Correio)

OBSCURIDADES

Além de sucessos e canções menos conhecidas, o Clã Destino também selecionou do repertório de 14 discos do Ira! (entre trabalhos ao vivo e de estúdio) material obscuro e que somente os fãs mais ardorosos dessa banda conhecem.

É o caso de Efeito Bumerangue, um rock pesadão retirado de Clandestino. Este é um disco que foi lançado pelo então quarteto paulistano (Nasi, Edgard Scandurra, Gaspa e André Jung) em 1990.

Aliás, esse LP serviu de inspiração para o nome do power trio curitibano, no trocadilho com a ideia de clã.

Com Paulo Junqueiro novamente na produção, Clandestino é uma espécie de continuação de Psicoacústica. Principalmente porque conta com elementos recorrentes: o ator Paulo Villaça – que interpreta o papel principal no filme O Bandido da Luz Vermelha, inspiração para a canção Rubro Zorro; exploração de outros estilos musicais; e samplers.

Fábio Elias é vocalista e guitarrista da quase trintona Relespública (Foto: Cristiano Martinez/Correio)

PALCO

À medida que o show do Clã Destino evoluía em cima do palco no Vittace, o público ia rareando embaixo. Muita gente cansada e sem o mesmo pique.

Mas Fábio, Marcus e André mantiveram a mesma pegada em uma das formações mais populares e simples do rock: guitarra, baixo e bateria. Inclusive, Fábio tirou sons graves e aveludados de sua guitarra, cuja marca é histórica no rock: Rickenbacker.

Curiosamente, o vocalista tem outra banda nesse mesmo tipo de formação, a Relespública (mas ao lado de Ricardo Bastos e Emanuel Moon). Surgido em 1989, esse conjunto curitibano está próximo de completar 30 anos de estrada.

Em 2019, a Reles já esteve em Guarapuava na companhia de Nasi para um show que ocorreu no London Pub, no primeiro semestre.