Campanha nacional destaca a doação de sangue no inverno

As doações costumam diminuir e é necessário manter os estoques de sangue para cirurgias de emergência e para pacientes crônicos, como Valéria Gurski, que precisa de transfusões a cada 21 dias

Valéria Gurski, de 30 anos, é portadora de um tipo de anemia crônica que exige transfusões sanguíneas a cada 21 dias. Nesta semana, ela publicou um agradecimento em rede social. O dia que você decidiu sair de casa para dividir seu sangue com um estranho, salvou minha vida. Se hoje estou escrevendo esta carta, é porque, graças a você, estou viva.

A mensagem da paciente, que frequenta o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar) desde o primeiro ano de vida, contribui para reforçar o Dia Internacional do Doador de Sangue, celebrado nesta sexta-feira (14) e a Campanha Nacional Junho Vermelho, que destaca a importância da doação no inverno.

Já recebi sangue de muita gente e sou imensamente grata por isso. Quando criança, fazia cartõezinhos com desenho de coração e deixava no Hemepar como forma de agradecimento. Por isso hoje torno pública minha carta, conta Valéria, que também mantém um canal na rede social onde fala sobre o tema, destacando a doação como um ato de amor ao próximo.

O Hemepar atende uma média de 743 pacientes ao dia em todo o Paraná, em 22 unidades. São pacientes que estão em tratamento planejado de doenças crônicas ou que precisam do sangue para intervenções pontuais, como cirurgias urgentes. O sangue também é vital para tratar feridos em emergências.

INVERNO

A Campanha Nacional Junho Vermelho tem como foco a importância da doação durante o inverno porque, com a chegada do frio, as doações costumam diminuir. A diretora-geral do Hemepar, Liana Andrade Labres de Souza, explica que isso acontece em função das gripes, dificuldades de locomoção (devido a chuvas) e também pelo período de férias escolares. Por isso nosso apelo para que os voluntários continuem com as doações em todo o estado, e a todos o nosso agradecimento antecipado neste dia 14 de junho, afirma.

Hoje o Hemepar recebe em média 800 doações por dia. Segundo a diretora o estoque ainda está dentro da normalidade e a quantidade é suficiente para atendimentos aos hospitais conveniados. Liana Souza lembra que apenas uma doação de sangue pode beneficiar até quatro pessoas. Não existe substituto para o sangue e por isso a importância de se manter o estoque sempre abastecido em todos os períodos do ano.

O Hemepar atende uma média de 743 pacientes ao dia em todo o Paraná, em 22 unidades (Venilton Küchler/Arquivo/Sesa)

PROCESSO

Cada bolsa coletada passa por processamentos que separam os componentes do sangue: hemácias, plasma, plaquetas e crioprecipitado (fonte concentrada de proteínas plasmáticas insolúveis à baixa temperatura). Os pedidos de bolsas de sangue chegam ao Centro de Hematologia via hospitais contratualizados. A Hemorrede tem equipe treinada para avaliação da demanda, separação do sangue, liberação e transporte. Este processo é muito importante, pois devemos manter a qualidade do hemocomponente para o paciente, explica a diretora.

Os hospitais cumprem protocolos para essas demandas, pois os componentes têm prazo de validade diferentes, de acordo com a solução preservadora utilizada. As plaquetas, por exemplo, têm validade de 5 dias, já as hemácias podem ter validade de até 42 dias.

HOSPITAIS

O Hemepar é responsável por 93% do estoque da rede pública de sangue, abastecendo 375 hospitais no Paraná. Do total de doadores, 45% são do sexo masculino e 38% do feminino. O maior percentual está na faixa etária acima de 29 anos.

Podem doar sangue pessoas entre 16 e 69 anos, mas para os menores de 18 anos é necessário o consentimento e a presença dos responsáveis e, entre os de 60 e 69 anos, a pessoa só poderá doar se já o tiver feito antes dos 60 anos. Além disso, é preciso ter peso mínimo de 51 quilos e estar bem de saúde. A frequência máxima é de quatro doações anuais para o homem, com intervalo entre as doações de no mínimo 60 dias; e de três para as mulheres, com intervalo entre as doações de no mínimo 90 dias.

Para a doação de sangue, os voluntários podem buscar um banco de sangue para verificar o horário de atendimento. É recomendado evitar comidas gordurosas por pelo menos 4 horas antes da coleta. O procedimento dura em média 90 minutos, entre a recepção e a liberação para o lanche, e neste curto período o voluntário contribuirá para salvar muitas vidas, lembra a diretora do Hemepar.

CAPTAÇÃO

O Hemepar faz atividades permanentes para captação de voluntários, como palestras de orientação sobre a importância da doação e critérios usados. Segundo a assistente social do Hemepar de Cascavel, Maria Luiza da Silva, a sensibilização maior acontece quando existe alguém na família que já precisou de sangue doado.

Quem já sentiu o problema na pele reconhece a importância da doação. Notamos também, entre as características dos doadores, que filhos de pais voluntários acabam seguindo e adquirindo o mesmo comportamento, complementa a assistente social.