Câmara monta comissão para investigar a vereadora Terezinha Daiprai

De acordo com os vereadores Rodrigo Crema, Germano Toledo Alves e Elcio José Melhem, autores de uma representação contra a parlamentar, foi feita campanha eleitoral ilegal, o que configura quebra de decoro parlamentar

Apesar de o 2° turno das eleições presidenciais ter terminado no dia 28 de outubro, um caso ainda está reverberando na política regional da terra do lobo bravo. Foi montada na última semana uma comissão para investigar uma possível ocorrência de campanha ilegal da vereadora Terezinha Daiprai (PT), o que pode configurar quebra de decoro parlamentar.

No dia 25 de outubro deste ano, duas funcionárias foram flagradas distribuindo panfletos comparativos entre os então candidatos a presidente Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) em frente ao Colégio Estadual Cesar Stange, no bairro Boqueirão. O material impresso é de autoria da APP-Sindicato, entidade que representa a classe de docentes no Paraná, e circulou em todo o território paranaense.

No dia, a denúncia partiu de um grupo pró-Bolsonaro, que chamou a Polícia Militar para acompanhar a ocorrência. Nesse período, a vereadora Terezinha Daiprai também se dirigiu ao colégio para prestar assistência às duas mulheres – e foi aí que começou a confusão.

Eu mesma não entreguei nenhum panfleto, diz a parlamentar, em entrevista ao CORREIO. Ela afirma, ainda, que a Justiça Eleitoral determinou a busca e apreensão do material, mas garante que não há nenhuma irregularidade.

Os panfletos eram de autoria do sindicato. Não tem CNPJ e nem número de tiragem porque não é material de campanha e nem de candidato, então não se aplica, pontua a vereadora, que ressalta que a ação não foi realizada no interior da escola, e que as funcionárias estavam lá durante o intervalo do meio-dia.

REPRESENTAÇÃO

Um grupo formado pelos vereadores Rodrigo Crema (PSB), Germano Toledo Alves (PR) e Elcio José Melhem (PP) encaminhou, no último dia 5 de novembro, uma representação contra a petista, afirmando que o caso configura quebra de decoro parlamentar, e que deve ser punido com a cassação do mandato.

No documento, eles afirmam que o panfleto que estava sendo distribuído além de não atender aos requisitos mínimos da legislação eleitoral, estava armazenado na sede do sindicato e sendo distribuído em instituições públicas.

A representada, na qualidade de autoridade máxima da APP-Sindicato, vereadora e servidora estadual, praticou e contribuiu para a prática de conduta vedada por inúmeros servidores públicos, pois distribuiu e obrigou – mesmo que indiretamente – diversos professores a distribuir programa eleitoral durante o horário de expediente de dentro de bens públicos, acusa o documento.

A representação ainda apresenta como provas o boletim confeccionado pelos policiais que atenderam a ocorrência, algumas fotos de uma mulher, que não foi identificada, distribuindo os panfletos no portão do colégio e a imagem de um veículo com um adesivo do então candidato Fernando Haddad (PT).

Vereadora Terezinha Daiprai utiliza a tribuna em sessão da Câmara

COMISSÃO

Após o recebimento da denúncia, a Câmara de Guarapuava montou uma comissão para investigar o caso. Márcio Carneiro (PPS) será o presidente, Jabur do Motocross (PRB) será o relator e Danilo Dominico (PSD), membro.

O relator disse ao CORREIO que encaminhou, antes mesmo da representação ser protocolada, um comunicado interno relatando o caso. Ela cometeu o crime, a meu ver, e não sou eu que estou dizendo. É a Polícia Federal, que apreendeu o material do sindicato dentro da escola, disse Jabur.

Apesar de ser uma das principais vozes do Movimento Bolsonaro Guarapuava (MBG) na Câmara, o vereador garantiu que os trabalhos da comissão serão isentos. A gente tem que ser justo. Se for provado, alguma consequência precisa ter. Mas se ela não cometeu [o crime], precisamos ser justos em dizer que o que ela fez não estava errado, acrescenta.

Já o presidente da comissão explicou ao CORREIO que a denúncia ainda não chegou ao trio, e que isso deve ocorrer nesta terça (13) ou quarta-feira (14). A mesa aceitou a denúncia, e deve encaminhar para nós, diz. Nós vamos fazer os levantamentos, porque o caso dela está na Justiça Federal, e eles ainda não se manifestaram.

Márcio Carneiro ainda ressalta que a representação é por quebra de decoro, e a punição para isso é a cassação do mandato. Não adianta a gente querer colocar os carros na frente dos bois, disse, referindo-se à necessidade de avaliar com cuidado todos os documentos do caso.