Busto é representação inédita da figura histórica do Cap. Rocha
Pela primeira vez, o personagem histórico Capitão Antonio da Rocha Loures ganhou uma representação. Recém-instalado em frente à Prefeitura de Guarapuava, o seu busto é uma obra artística de Jhonnathan Ferreira
Enfim, o Cap. Rocha ganhou sua primeira representação nas artes e também nos anais da história.
Graças ao trabalho de pesquisa do artista plástico Jhonnathan Ferreira, o rosto dessa importante figura no surgimento de Guarapuava veio à luz. Pelo menos, em uma versão possível.
É que, segundo Ferreira, não havia nenhum registro oficial (foto, xilogravura, gravura ou pintura) do rosto do Capitão Antonio da Rocha Loures. Desse modo, o artista se viu obrigado a muita pesquisa em documentos e nos traços da família Rocha Loures (antepassados e descendentes) para chegar a uma representação. Esse molde se tornou o busto recém-instalado em frente ao Paço Municipal.
Não se tem nenhuma imagem do Cap. Rocha. A imagem final dessa representação do Cap. Rocha foi construída através de pesquisa da família. A gente foi pegando fotos dos familiares de Guarapuava e de Curitiba e foi fazendo um estudo da anatomia para ver quais são os traços que mais se repetiam em cada Rocha Loures, explica Ferreira, em entrevista ao CORREIO.
O processo todo demorou um ano, entre os primeiros desenhos, pesquisas (anatômica e de personalidade) e a construção do busto. Tudo começou por meio de Murilo Teixeira, membro do Instituto Histórico de Guarapuava (IHG). Ele tinha o sonho de construir uma obra para lembrar o Cap. Rocha.
Em seguida, foram feitos os contatos com os familiares do capitão e a Casa da Cultura de Guarapuava, na figura de Rosevera Bernardim.
TÉCNICA
O artista explica que a escultura do busto foi feita com resina, poliéster, fibra de vidro e malha de aço galvanizado. Mesmo estando ao ar livre, tem durabilidade com o acabamento em bronze.
Ele conta que foram feitos três bustos do Cap. Rocha. Uma das reproduções já está instalada na parte externa do Paço Municipal; outra foi levada para o mausoléu do capitão; e a última será em São José dos Pinhais.
Mas já tem uma quarta que será produzida em cera, para ser enviada a Curitiba onde terá tratamento em bronze. Essa obra ficará no Museu Paranaense.
Sem contar também que os bustos de Padre Chagas e Diogo Pinto de Azevedo Portugal farão, em breve, companhia para o Cap. Rocha na frente da Prefeitura de Guarapuava. Existe o projeto de instalar o trio pioneiro, como dizem no IHG.
HISTÓRIA
Além de artista plástico, Jhonnathan Ferreira é historiador formado. Segundo ele, o Cap. Rocha e o Padre Chagas (ambos dão nome a duas ruas de grande fluxo na área central) escreveram o primeiro auto da Freguesia Nossa Senhora de Belém, nos primórdios de Guarapuava.
Aliás, Ferreira recorda que três nomes foram importantes nesse período de formação do município no início do século 19. Diogo Pinto de Azevedo Portugal (outro nome de rua e protagonista da rotatória do cavalo) liderou a expedição que alcançou sucesso; já Padre Chagas era uma das personalidades que lutou para que a Freguesia e a Igreja fossem instaladas em um local com grande potencial para o desenvolvimento de Guarapuava. E, depois, o capitão [Rocha] era o cara do ‘braço armado’ e fez a relação com os índios.
Segundo o historiador, naquela época veio uma carta determinando que o Cap. Rocha encaminhasse um processo pacífico. Mesmo assim, houve conflito bélico no Fortim Atalaia (onde fica hoje o distrito da Palmeirinha) em meio a tentativas de conciliação.
Claro que Ferreira reconhece que hoje essa intervenção do homem branco em terras indígenas ocorreu de maneira violenta, pois era a imposição de uma determinada cultura ao povo local. Só que, na época, era o jeito civilizatório, destacando que, para Guarapuava, foi muito importante esse convívio pacífico.