‘A lei não fala em fechamento de curso’, diz superintendente

Em entrevista ao CORREIO, o ex-reitor da Unicentro, Aldo Bona, deu detalhes do trâmite da Lei Geral das Universidades (LGU) no governo estadual. Segundo ele, não faz sentido manter uma estrutura pública para poucos alunos

Alvo de discussão recente no âmbito das instituições de ensino superior estaduais do Paraná, a proposta da Lei Geral das Universidades (LGU) estabelece medidas para a distribuição de recursos e gestão administrativa.

O projeto nasceu na Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e vem colecionando polêmicas e rejeição na comunidade acadêmica, em meio a defensores e críticos.

Segundo o titular da Seti, Aldo Bona (ex-reitor da Universidade Estadual do Centro-Oeste, a Unicentro), as reações e pontos de vista podem ser expressos e são respeitados com serenidade. Mas o que o incomodou nesse processo todo foi o que chamou de contrainformação e desinformação e a leitura equivocada dos dados.

O que a gente quer é de fato ter um sistema de universidades estaduais que seja constituído efetivamente como um sistema e não como a soma de instituições que, individualmente, têm realidades muito diferenciadas entre si e mantidas por um mesmo ente, que é o Estado do Paraná, diz, em entrevista ao CORREIO.

No entanto, ele avalia que as reações negativas fragilizaram a construção da proposta. Porque a ideia é que a gente pudesse ter uma unidade em torno desse tema. Apesar da diversidade de pontos de vistas, mas que a gente conseguisse chegar a um resultado de consenso, acrescentando que isso não impede que a proposta vá adiante.

Historicamente, segundo sua avaliação, todas as propostas que tratam da autonomia da universidade e seu regramento sempre foram rechaçadas inicialmente pelos movimentos sindicais. E o que aconteceu agora foi a repetição de diversas situações que já vivemos.

FECHAMENTO

Um dos temores da comunidade acadêmica é o fechamento de cursos de graduação com a entrada em vigor da LGU.

Bona caracterizou isso de contrainformação. A lei não fala em fechamento de curso. Ela provoca a universidade a sair da zona de conforto em relação a essas situações que são insustentáveis, explicando que a lei cria um dispositivo para que, no caso dos cursos com baixa demanda, as universidades estudem propostas de saneamento e de busca de soluções para reverter esse quadro. Não faz muito sentido, em termos de investimento público, você ter uma estrutura criada para atender 40, 50 alunos por turma e estar atendendo cinco, seis.

Ex-reitor da Unicentro, Aldo Bona é hoje o titular da Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) – Foto: Douglas Kuspiosz/Correio

TRÂMITE

Segundo Aldo Bona, a Seti apresentou o resultado das discussões sobre a LGU à Casa Civil e agora está em fase de análise pelas demais instâncias de governo, caso das Secretarias de Fazenda, Administração e Planejamento. Até que a Casa Civil possa transformar de fato numa proposta legislativa.

O superintendente explica que a expectativa é de que o trabalho possa ser feito o mais breve possível para iniciar o ano de 2020 com o regramento estabelecido pela nova legislação, que vai equalizar os parâmetros de financiamento e funcionamento das nossas universidades estaduais.

Enquanto o projeto é avaliado pelas instâncias, ainda não tem prazo para ser encaminhado à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).