A família precisa saber lidar com a depressão, diz psicóloga
Em Guarapuava, o atendimento psicossocial é disponibilizado na rede municipal de saúde
A depressão é uma doença silenciosa, e que não deve ser ignorada. O número de pessoas que convivem com o transtorno é crescente, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre 2005 e 2015 esse aumento foi de 18%, atingindo mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo.
A psicóloga e coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial (Caps II) de Guarapuava, Carla Silveira Batista Lauer, pontua que a disfunção deve ser tratada como qualquer outra doença física, e lamenta o fato de ainda existir preconceito com o tratamento psicológico.
A depressão não aparece no corpo [fisicamente]. Quando o desequilíbrio químico é muito grande, o sintoma aparece no comportamento, explica, atentando que em alguns casos é necessário auxiliar a terapia com a intervenção medicamentosa.
Segundo dados do Caps II, pouco mais de quatro mil pessoas (2.577 mulheres e 1.441 homens) estão em atendimento psicossocial contínuo na rede municipal.
FAMÍLIA
De acordo com Carla, o papel da família e de amigos é fundamental no tratamento e acompanhamento de uma pessoa com depressão. Mas o primeiro passo é não julgar a dor do outro, e nem fazer comentários inconvenientes.
‘Isso é falta de Deus’ é o que a gente mais escuta. É realmente uma disfunção química no cérebro, então muito ajuda quem não julga, diz a psicóloga, alertando para a necessidade de acompanhamento terapêutico em todos os casos da doença.
A acadêmica de química Karine Lais Paim (29 anos) enfrenta a depressão há bastante tempo. Ela conta que sempre foi triste e para baixo, mas relata que desde o nascimento do seu filho, em 2015, as crises pioraram.
As pessoas excluem. A minha família me acolhe, mas às vezes falam que falta força de vontade. E amigos na maior parte do tempo somem, lamenta Karine, que leva a rotina cuidando do filho, da casa e dos estudos.
Ela ainda explica que já teve pensamentos suicidas, e por isso irá recorrer a um tratamento com medicamentos. Reconheço meu problema. Agora que vi que está pior vou recorrer a remédios, diz, acrescentando que acha bom falar sobre a doença para retirar esse rótulo negativo que envolve a depressão.
ORIENTAÇÃO
De acordo com a psicóloga, além de o Caps II oferecer o atendimento psicossocial aos pacientes, os familiares são orientados para encarar a situação da melhor maneira possível. Nós orientamos os familiares e amigos através de reuniões, porque o doente está inserido neste local, pontua.
REDE MUNICIPAL
O Caps II oferece atendimento diariamente, das 8h às 17h em sua rede (rua Andrade Neves, 1215, bairro Santana). O telefone para contato é (42) 3622-1427.
Mas toda a rede municipal de saúde é capacitada para atender quem precisar. Caso seja necessário, o paciente é encaminhado ao centro.
Além disso, foi inaugurado nacionalmente o número 188 do Centro de Valorização da Vida (CVV). Nesse serviço, as pessoas são atendidas por voluntários da instituição e são aconselhadas.