Depois de adiada, a reunião do Conselho Universitário (COU) da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) será na próxima quarta-feira (29), às 9h, na Sala de Reuniões dos Conselhos Superiores, no campus Santa Cruz.
Em jogo, os próximos passos da universidade em relação à normalização de suas aulas nos campi de Guarapuava (sede e Cedeteg) e Irati, além das extensões. Desde que o governo estadual brecou a contratação de professores colaboradores – aprovados em teste realizado ao final de 2016 -, a Unicentro está com dificuldades para fechar as mais de 10,7 mil horas semanais nos cursos de graduação. A Secretaria de Fazenda só libera 7.600 horas semanais.
Com isso, tem-se um impasse entre universidade e governo. Os maiores prejudicados são os alunos (com aulas descobertas) e os mais de 100 professores colaboradores (aqueles que trabalham de maneira temporária) que não podem assumir as aulas. Esses profissionais representam um terço do quadro docente da Unicentro.
O objetivo da reunião do COU é o de discutir e deliberar sobre as medidas que a instituição de ensino superior adotará em relação às deliberações da Comissão de Política Salarial do Estado (CPS), no que se refere à autorização para a nomeação e contratação de professores, bem como no que diz respeito ao conjunto de medidas administrativas que se quer impor sobre as universidades.
Reitor da Unicentro (o maior) participou de negociações com o governador (Orlando Kissner/ANPr)
Em relação a esses pontos, na última terça-feira (21), os reitores, com a articulação do secretário João Carlos Gomes, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), tiveram ampla reunião com o governador Beto Richa, quando ficou acordado que os temas seriam discutidos na reunião da CPS, programada para a última quinta-feira (23). No entanto, ela não ocorreu e ficou reagendada para segunda-feira (27).
Após ouvir alguns conselheiros do COU, a Reitoria decidiu transferir a reunião do Conselho Universitário para a próxima quarta-feira (29). Lamentamos profundamente a situação em que se encontra a universidade, com falta de professores, bem como nos solidarizamos com o drama dos professores já aprovados em concursos e testes seletivos que aguardam suas nomeações e contratações, afirmou o reitor Aldo Bona, via assessoria de imprensa da instituição.
AULAS
Em audiência pública realizada no último dia 16, na Câmara de Vereadores de Guarapuava, o pró-reitor de recursos humanos da Unicentro, Robson Paulo Ribeiro Ferraz, apresentou a situação dos professores (temporários e efetivos) da instituição.
Segundo ele, a Secretaria de Fazenda quer que os docentes efetivos aumentem sua carga horária para suprir as aulas descobertas em função da redução do quadro de colaboradores. A informação ainda não é oficial, mas tem ganhado força e é dada quase como certa entre a comunidade acadêmica.
Audiência na Câmara de Vereadores discutiu situação dos professores da Unicentro (Arquivo/Correio)
Para quem conhece a realidade de uma universidade, sabe que essa medida traria um prejuízo para o andamento da instituição, disse Ferraz, destacando o impacto na pesquisa e na extensão, duas pernas que compõem, junto com o ensino, o famoso tripé universitário.
Não se pode perder de vista que o professor na Academia é mais do que auleiro, ou seja, o seu potencial não é utilizado somente para dar aulas principalmente na graduação. Sua formação (mestrado, doutorado etc.) e conhecimento são imprescindíveis para desenvolver projetos de pesquisa e iniciativas em diálogo com a comunidade.
No entanto, a pasta que cuida das finanças do Estado permanece irredutível. Por isso, o pró-reitor dizia, durante a audiência, que achava muito difícil reverter essa situação.
Em suma, é muito provável que os professores efetivos da Unicentro tenham de assumir mais aulas e se sobrecarregar no exercício da função. Já muitos colaboradores talvez não retornem ao quadro docente da instituição, infelizmente.
Texto: Cristiano Martinez
Foto (capa): Ilustrativa/Arquivo/Correio