Numa folha qualquer, o Benato desenha um sol amarelo… a caricatura de uma pessoa, uma charge ou até mesmo uma tirinha de quadrinho. O artista radicado em Guarapuava vai muito além da famosa canção de Toquinho.
Há cerca de 30 anos, o ilustrador e professor desenha e pinta a todo o momento, em qualquer papel em branco que cair em sua mão. Tem de riscar, tem de desenhar. É uma compulsão, diz Edenilso Benato.
Tudo começou em Curitiba, em jornais impressos como a Gazeta do Povo. Mas foi em Guarapuava que as coisas deram certo, conta, destacando que deve muito à terra do lobo bravo. Aqui, ele trabalhou em jornais e se tornou professor de charges e caricaturas em cursos gratuitos na Casa da Cultura, onde ensina o ofício aos novos talentos.
Benato conta que chegou a Guarapuava na virada de 1999 para 2000, em meio ao celeuma em torno do possível fim do mundo. O pessoal dizia que o mundo ia acabar na estrada, a caminho daqui. Mas não acabou!.
A especialidade de Benato é a caricatura
Tanto é verdade que ele fincou raízes no maior município do terceiro planalto paranaense, onde está até hoje. Mas o início não foi fácil, já que não conhecia ninguém na nova cidade.
O primeiro jornal a lhe abrir portas (e páginas) foi a extinta Folha Regional do Centro-Oeste. Nesse veículo de imprensa, Benato apresentou a sua pastinha com os desenhos. Quem me atendeu disse que contratava com pagamento mensal, recorda-se, acrescentando que o trabalho também envolvia a venda de publicidade.
Assim, durante quatro anos, o desenhista publicava seus desenhos e charges para diversas editorias do semanário. As pessoas viram que eu levava jeito e me cederam espaço, citando a figura fundamental do então diretor Luiz Carlos Junior. Trocava ideias com ele.
A carreira diária só foi interrompida quando o jornal fechou. Depois, ele fez colaborações periódicas para outros veículos, caso, por exemplo, do Diário de Guarapuava. Mais um jornal que encerrou suas atividades no município.
Artista desenha o tempo todo. Basta uma folha de papel e um lápis
IMPORTÂNCIA
Benato se lembra com orgulho daquela época, pois as ilustrações eram comentadas pelas pessoas, mesmo quem não era leitor de jornais. Teve uma charge minha sobre a tomada do Iraque pelo governo norte-americano que teve repercussão até em rádio.
Por isso, o artista lamenta que as publicações impressas tenham perdido fôlego na sociedade de hoje. Mas o jornal ainda é necessário, alerta, destacando que o humor gráfico (charges, tirinhas etc.) é um diferencial. A tirinha tem uma crítica informativa. Veja o caso da Mafalda, com seu humor que critica o capitalismo e a indústria da propaganda, citando a personagem criada pelo argentino Quino. Ela é uma menina que encarna o espírito da contestação nos quadrinhos do país vizinho, servindo de referência para várias gerações de leitores.
Por isso, para Benato, o quadrinho é coisa de adulto, mesmo com seu apelo para o público infantil.
TALENTOS
Segundo ele, Guarapuava e outras cidades têm grandes talentos no traço, mas que não têm o reconhecimento e o devido espaço nos meios de comunicação. É pouco valorizado financeiramente e tem muita pirataria de material original, sem respeito aos direitos autorais.
REFERÊNCIAS
No humor gráfico de publicações impressas, Benato diz que gosta muito do Glauco, dos irmãos Caruso (Chico e Paulo), Ziraldo, Mauricio de Sousa e o já comentado Quino.
Texto/fotos: Cristiano Martinez